A forte competitividade do milho dos Estados Unidos tem limitado o ritmo das exportações brasileiras. Segundo levantamento do Rabobank, os embarques acumulam queda de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.
Produção recorde amplia oferta mundial de milho
Além da estimativa de safra recorde no Brasil, projetada em 140 milhões de toneladas pelo RaboResearch, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) confirmou que a colheita norte-americana deve atingir 425 milhões de toneladas em 2025 — um aumento de 26 milhões de toneladas frente à previsão anterior.
O avanço da área cultivada e o clima favorável garantiram um cenário de forte oferta global no início da temporada 2025/26, elevando a concorrência entre os principais exportadores.
Queda nas cotações em Chicago, mas estabilidade no Brasil
A perspectiva de excesso de oferta global derrubou as cotações do milho na Bolsa de Chicago em 6% apenas em agosto de 2025. Já no Brasil, os preços permaneceram estáveis frente a julho, sustentados principalmente pela demanda aquecida das usinas de etanol de milho.
Mesmo assim, o mercado externo segue em alerta diante do avanço norte-americano e da redução do imposto de exportação argentino, que fortalece a competitividade da Argentina frente ao Brasil.
Exportações brasileiras enfrentam desafios
Com a colheita norte-americana avançando, os embarques dos EUA devem ganhar ainda mais força nas próximas semanas. Para o Brasil, o câmbio torna-se um fator decisivo para manter a competitividade no mercado internacional.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a comercialização do milho no estado já atingiu 62% da safra, quatro pontos acima de 2024. O desempenho foi favorecido pelos preços mais atrativos do início do ano, mas a chegada das chuvas em setembro e a baixa capacidade de armazenagem podem acelerar as vendas internas e pressionar os preços.
Pontos de atenção para o setor
Avanço da colheita: até 23 de agosto, 95% da segunda safra de milho já havia sido colhida no Brasil, segundo a Conab. Em Mato Grosso, principal estado produtor, os trabalhos foram concluídos. A preocupação agora é com a logística e capacidade de armazenagem.
Demanda pelo etanol: nos oito primeiros meses de 2025, o consumo de milho para a produção de etanol somou 14,5 milhões de toneladas, alta de 18% frente a 2024, reforçando a relevância da indústria para sustentar o mercado doméstico.