Não há relação entre repactuação de ferrovias e possível compra da Bamin, diz presidente da Vale

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O presidente da mineradora Vale, Gustavo Pimenta, negou que haja alguma relação entre a falta de acordo com o governo sobre a repactuação das ferrovias Estrada de Ferro Carajás e Estrada de Ferro Vitória-Minas e eventuais conversas sobre a aquisição da Bahia Mineração (Bamin).

“Esse acordo (repactuação dos contratos de concessão das ferrovias) não tem nenhuma relação com qualquer investimento da Vale em novos projetos”, disse. “A gente está sempre avaliando os projetos de desenvolvimento no Brasil, comparando com as melhores alternativas, sempre olhando a questão de rentabilidade, avaliação de risco.”

Indagado sobre eventuais negociações para a compra da Bamin, Pimenta disse que “é um projeto grande, e a gente olha todos os projetos e este não é diferente. Não tem nem uma atualização”. Conforme o executivo, não há prazo para a conclusão dessa análise.

Segundo apurou o Estadão, o governo Lula tentou novamente convencer a mineradora a assumir parte do projeto Bamin, no Sul da Bahia, alvo de interesse político do chefe da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Rui Costa, e de outros auxiliares do presidente Lula.

No ano passado, o governo tentou convencer a Vale a assumir o projeto, em sociedade com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)e a Cedro Participações. Desde 2010, a Bahia Mineração (Bamin) é controlada pela Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão, mas a empresa nunca concluiu o projeto para extrair minério de ferro da região de Caetité, no Sul da Bahia.

O projeto Bamin prevê a operação da mina, a conclusão de um trecho da Fiol (Ferrovia Oeste-Leste) e um porto em Ilhéus, num investimento avaliado em cerca de R$ 30 bilhões.

A Vale afirmou na ocasião que o esforço financeiro era muito alto e que precisava de mais estudos geológicos. Em maio, após nova análise, a mineradora concluiu que a conta não fechava, preferindo concentrar investimentos na produção em Carajás, no Pará.

Diante da recusa, uma pessoa a par das negociações afirma que o governo decidiu tentar incentivar a empresa a assumir pelo menos a parte da ferrovia, como uma espécie de aperitivo do projeto.

Terras raras

Ao ser questionado sobre a possibilidade de a Vale passar a explorar terras raras, o executivo disse que a mineradora está sempre avaliando oportunidades de negócios.

“A Vale é grande hoje em minério de ferro, somos os principais do mundo. Somos grandes em cobre, grandes em níquel e a gente está sempre avaliando se faz sentido entrar em outra commodity. Não tem uma decisão a respeito disso.”

Mina Capanema

Pimenta participou da reinauguração da mina Capanema, na região de Ouro Preto (MG), que ficou fechada por duas décadas. O ativo recebeu investimentos de R$ 5,2 bilhões e vai adicionar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano (Mtpa) à produção de minério da companhia.

“Hoje, em Minas, a gente faz ao redor de 125 milhões de toneladas de minério de ferro. São 15 milhões de toneladas por ano e é muito importante para a gente”, afirmou. “Capanema é um marco importante de retomada de crescimento em Minas Gerais para a gente.” A produção no Estado sofreu queda após o acidente de Brumadinho, em 2019, e vem retomando os volumes nos últimos anos.

Pimenta enfatizou ainda que a mina de Capanema não tem barragem, pois utiliza o método a umidade natural, que dispensa o uso de água, em linha com a transformação da mineradora após o desastre de Brumadinho.

“A Vale assumiu um compromisso com a sociedade mineira e com os brasileiros de não ter nenhuma barragem a montante em Minas. A gente já eliminou quase 60%. E o mais importante: as que são classificadas como nível 3, nível mais alto de emergência, hoje a gente não tem mais nenhum”, afirmou. “O que a gente faz é um processo de filtragem desse rejeito [o que evita a necessidade de barragens].”

O executivo reforçou que a Vale tem buscado fortalecer a contratação de recursos locais em todas as operações, inclusive em Capanema, e ressaltou que a companhia vem trabalhando no desenvolvimento de atividades para áreas cujas minas se esgotaram.

“A gente está falando de uma planta que está sendo reinaugurada, mas temos também o pós-mineração em muitas cidades, como é o exemplo de Itabirito, aqui próximo”, afirmou.

“A gente está olhando agora a mina de Águas Claras, no município de Nova Lima, para poder regressar para a comunidade com parques, ecoturismo. A gente está, neste momento, com uma audiência pública escutando o que a sociedade quer daquela região. Mais de quatro, cinco mil contribuições já foram feitas.”

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