O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no 2º trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior, segundo dados do IBGE divulgados em 2 de setembro. O resultado ficou em linha com as expectativas do mercado, mas confirma a desaceleração em relação ao avanço de 1,3% registrado no início do ano. A expansão, embora positiva, mostra que os efeitos da política monetária restritiva seguem limitando o dinamismo da economia, em especial nos segmentos mais complexos.
Pelo lado da demanda, houve perda de fôlego no consumo das famílias, que cresceu apenas 0,5% após avanço de 1% no trimestre anterior. O consumo do governo recuou 0,6%, e a formação bruta de capital fixo – que mede os investimentos em máquinas, equipamentos e construção – também apresentou retração, refletindo o peso da Selic elevada sobre os setores produtivos. No setor externo, a queda de 2,9% nas importações e a alta de 0,7% nas exportações deram algum alívio, especialmente pelo bom desempenho da indústria extrativa, puxada pelo petróleo e pelo minério de ferro.
Do ponto de vista da oferta, a indústria extrativa foi o grande destaque positivo, acompanhada por serviços de maior sofisticação, como tecnologia da informação, comunicação e atividades financeiras. Em contrapartida, a indústria de transformação recuou 0,5%, a agropecuária caiu 0,1% e a construção civil 0,2%, todos setores sensíveis ao aperto monetário. Na comparação anual, o PIB cresceu 2,2%, impulsionado pela agropecuária (+10%), pela indústria extrativa (+8,7%) e por serviços complexos, que avançaram entre 3,8% e 6,4%.
A indústria brasileira continua em situação delicada. Em julho, a produção industrial caiu 0,2% frente a junho, reforçando a estagnação do setor. Alguns segmentos tiveram resultados positivos, como alimentos, químicos e a própria extrativa, mas setores estratégicos como metalurgia, bens de capital e equipamentos de transporte registraram quedas relevantes. A indústria de transformação segue praticamente parada, mostrando perda de dinamismo estrutural.
O quadro é preocupante: a produção industrial brasileira ainda está cerca de 15% abaixo do pico de 2011, e a produção de bens de capital no país está 30% abaixo do auge de 2013. Houve recuperação após a pandemia, mas desde o início de 2025 os números entraram em um platô. A ausência de crescimento industrial significa menos inovação, menor difusão tecnológica e produtividade estagnada, deixando o país dependente de setores de baixo valor agregado. Com o risco adicional de choques tarifários e juros ainda altos e com estagnação industrial, o Brasil corre o perigo de voltar a um modelo de crescimento pouco sofisticado e frágil para o longo prazo.