Norte Fluminense: da utopia à rota global de exportações

O que parecia utopia já é realidade há alguns anos. E tudo indica que essa ligação direta vai crescer cada vez mais.

Em operação desde 2014, o Porto do Açu, no litoral de São João da Barra, fez sua primeira exportação de ferro-gusa para a China em 2019. Ao longo dos anos, a carteira de produtos exportados foi aos poucos sendo ampliada, abrangendo hoje minério de ferro, bauxita, petróleo, ilmenita e minério de lítio.

Em 2024, o vizinho município de São Francisco de Itabapoana entrou na conversa. A ADL Mining, empresa que administra a unidade da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) instalada na localidade de Buena, fechou contrato com uma empresa chinesa para a venda de pré-concentrado de minerais pesados. O foco é a exploração de terras raras, que são vitais nas linhas de produção das indústrias de alta tecnologia. Esse conjunto de 17 elementos químicos extraídos do litoral sanfranciscano vai parar na produção de carros híbridos, turbinas eólicas, celulares, televisores de tela plana e uma gama de outros produtos.

O que muita gente no restante do estado do Rio desconhece é que o Norte Fluminense tem um potencial econômico único, capaz de diversificar a matriz produtiva, gerar empregos qualificados e consolidar a região como polo estratégico de exportação. Não é apenas o petróleo da Bacia de Campos ou o minério que circula pelo Porto do Açu — trata-se de um território que pode ser a nova fronteira de desenvolvimento industrial do Brasil.

Esse potencial tende a crescer, desde que o Governo do Estado e o Governo Federal voltem seus olhos para cá com mais atenção. Projetos de infraestrutura fundamentais estão na mesa e podem transformar radicalmente a logística da região.

É urgente a construção da Ferrovia EF-118 — não apenas no trecho entre o Porto do Açu e Vitória (ES), mas também o trecho entre o litoral sanjoanense e o Rio de Janeiro, formando o sonhado Anel Ferroviário do Sudeste.

A malha rodoviária também exige investimentos. Depois da conclusão da Ponte João Peixoto, sobre o Rio Paraíba do Sul, está em andamento a recuperação asfáltica da RJ-194. Conhecida como Estrada Velha de Gargaú, ela interligará Campos dos Goytacazes a São Francisco de Itabapoana, abrindo, ao mesmo tempo, uma nova rota de acesso ao Porto do Açu e um acesso mais rápido ao Sul Capixaba, ampliando a competitividade das empresas já instaladas e atraindo novos empreendimentos. Outra obra considerada vital é a construção da RJ-244, que conectará a BR-101 com o Porto do Açu sem cruzar a área urbana de Campos. O projeto já existe, falta tirar do papel. Há, inclusive, interesse da iniciativa privada em bancar a construção.

Com a infraestrutura adequada, o Norte Fluminense pode se consolidar como um verdadeiro hub logístico e industrial, capaz de abastecer o Brasil e o mundo. Hoje já exporta para a China; amanhã, pode ser protagonista em cadeias globais de tecnologia, energia e inovação.

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