O que mudou para a Serra no primeiro mês das tão temidas tarifas de Trump?

Bancando o papel de “xerifão do mundo”, o Brasil entrou na mira das políticas tarifárias do presidente norte-americano Donald Trump. Desde 6 de agosto, as exportações brasileiras passaram a ser sobretaxadas em 50%, com exceção de uma lista de mais de 700 itens. Passado um mês desse episódio tumultuado, já é possível observar os primeiros reflexos no comércio exterior da Serra.

Em primeiro lugar, é importante destacar que a preocupação inicial tinha fundamento. A Serra é o município capixaba com o maior volume de exportações para os Estados Unidos, tanto em toneladas quanto em participação percentual, sendo também uma das cidades brasileiras mais dependentes dessa relação comercial.

Apesar disso, a extensa lista de produtos isentos do chamado “tarifaço” trouxe alívio e favoreceu diretamente a economia exportadora da Serra. Assim, os Estados Unidos seguem como o principal parceiro comercial do município, embora haja pontos de atenção, especialmente no setor de rochas naturais.

De acordo com apuração do TN, em agosto, a Serra exportou ao todo 149,5 milhões de dólares — o equivalente a aproximadamente 800 milhões de reais na cotação atual. Desse total, 55,7% tiveram como destino os Estados Unidos. No geral, trata-se de um percentual um pouco menor que a média: em 2024, por exemplo, esse índice foi de 61,8%.

A Serra exporta para os norte-americanos principalmente produtos siderúrgicos da ArcelorMittal e um mix de rochas naturais provenientes do amplo parque de beneficiamento instalado no município, que reúne diversas empresas. Esses dois setores tiveram isenção parcial, já que alguns de seus produtos entraram na lista dos que não seriam sobretaxados. Entre eles, estão itens que representam boa parte das exportações da Serra.

Nesse sentido, o impacto foi bem menor do que poderia ter sido. Para se ter uma ideia, agosto foi o quarto melhor mês do ano para as exportações siderúrgicas destinadas aos EUA, com 70 milhões de dólares. Reino Unido e Argentina, que compraram, respectivamente, 27,9 milhões e 14,6 milhões de dólares em produtos siderúrgicos, completam a lista dos três principais destinos comerciais da Serra.

Já o setor de rochas naturais sofreu um impacto maior. Entre os itens isentos das sobretaxas estava o quartzito, que representa uma fatia importante das exportações, mas ficaram de fora outras pedras, como granito, mármore, ardósia e pedra-sabão. Esse impacto parcial se refletiu nas vendas externas do município, com queda nas exportações para os Estados Unidos.

Em agosto, foram exportados 11,6 milhões de dólares em rochas naturais, o que representou o pior resultado do ano nesse segmento para os EUA — mercado que historicamente é o principal destino das pedras serranas. Para efeito de comparação, o melhor mês foi maio, quando os norte-americanos compraram 28,069 milhões de dólares, seguido de julho, quando as tarifas já haviam sido anunciadas, mas ainda não estavam em vigor, e a Serra exportou 28,017 milhões de dólares.

A siderurgia e o setor de rochas naturais compõem um vasto arranjo econômico na Serra, geradores de empregos e movimentadores de diversos outros segmentos. Ao que tudo indica, a lista de isenções favoreceu mais as exportações siderúrgicas e amenizou os impactos sobre o setor de rochas, embora seja evidente que as empresas desse ramo sentiram o baque no primeiro mês das tarifas.

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