A técnica é antiga, mas pouco conhecida, o que faz com que seu uso não esteja tão presente na construção civil. A madeira engenheirada é uma tecnologia construtiva que substitui parte das estruturas convencionais – como pilares e vigas de concreto ou metal – por elementos estruturais de madeira natural processada industrialmente.
Desenvolvida na Alemanha e em uso há pelo menos um século, é utilizada principalmente em países Escandinavos, parte da Europa, nos EUA, Canadá e Japão. A prática também existe no Brasil, mas é pouco disseminada.
Para ampliar o conhecimento a respeito da madeira engenheirada, a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (Asbea/RS) e o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado (Sinduscon/RS) incluíram o assunto na pauta do 3° Seminário Industrialização na Construção, que acontece nesta quarta-feira, 10 de setembro, a partir das 14h, no Teatro do Sinduscon/RS (Av. Augusto Meyer, 146) em Porto Alegre. Mais informações e inscrições estão disponíveis aqui.
A palestra sobre o tema será com Hélio Olga, sócio fundador da Ita Engenharia em Madeira e referência nacional no uso da tecnologia.\
Os usos mais difundidos da madeira engenheirada estão na parte interna das construções, com acabamentos, divisórias, forros e móveis planejados. Mas o material pode estar na parte estrutural de grandes construções, como prédios, ginásios, coberturas e pontes, combinado ou em substituição ao aço e ao concreto. Gabriel Perrone, engenheiro civil, explica que “o sistema de pré-fabricação é onde a madeira é mais bem aproveitada, para que saia mais pronta para a montagem”, o que aumenta a produtividade e reduz desperdícios.
Para uma implementação em maior escala, a madeira engenheirada precisará vencer algumas barreiras, como a falta de normativa atualizada, a baixa mão de obra especializada e a resistência de quem não conhece essa tecnologia. Para isso, a fase de projeto é essencial para garantir a implementação adequada na obra. Para a proteção contra incêndios, já são conhecidos e usados materiais retardantes de chamas. Estas práticas colocam uma construção com madeira engenheirada em equivalência quanto à segurança com obras de concreto e aço.
Outro destaque é o caráter sustentável que acompanha o uso de madeira na construção, por se tratar de um material renovável que atua como estoque de carbono. Joana Giuliani, arquiteta e consultora em sustentabilidade, aponta a madeira como “um material excelente e muito eficiente por duas razões: é um material renovável e que, após a extração, pode ser replantado sem custo ambiental; e pelo sequestro de carbono, que é o ciclo natural da madeira”.
Durante o crescimento, uma árvore absorve CO₂ da atmosfera, que permanece retido mesmo após a transformação em madeira. O processo também entra na conta – desde que a extração e o manejo sejam adequados -, pois demanda menos energia que a de cimento e aço, reduzindo a pegada de carbono. Para fechar o ciclo, é necessário pensar na destinação adequada ao fim da vida útil do material, com reciclagem ou descarte controlado.