Mesmo diante de perspectivas positivas para a próxima safra, incertezas relacionadas ao crédito e ao clima seguem como entraves para o produtor rural brasileiro, apontou Airton Galinari, presidente da Coamo Agroindustrial Cooperativa no Agro Summit, evento promovido pelo Bradesco BBI em São Paulo. Entre os principais pontos de atenção estão o atraso na liberação de crédito, a dificuldade de retirada de insumos e a imprevisibilidade do regime de chuvas nos próximos meses.
Galinari afirmou que muitos produtores já compraram os insumos, mas ainda não conseguiram retirá-los, por falta de aprovação de crédito junto às revendas. “O produtor comprou, mas não retirou. O problema do crédito é sério. Vai conseguir retirar esse produto? A revenda vai aprovar o crédito?”, questionou. Segundo ele, as próximas semanas serão decisivas para garantir um bom início de plantio.
Em relação a tarifas e conflitos geopolíticos, Galinari afirmou que as decisões no campo seguem guiadas mais pelas condições no campo do que por questões de mercado. “O produtor está olhando para o céu e para o celeiro. Se está com adubo colocado, semente, ele vai plantar. Não importa a geopolítica. O negócio dele é plantar”, afirmou.
Ainda assim, ele reconheceu o impacto de safras frustradas anteriores, que deixaram muitos agricultores descapitalizados e dependentes de linhas de crédito para seguir com a produção. Sobre as condições climáticas, Galinari foi cauteloso.
“Já cansamos de sair das festas de fim de ano tudo bem e voltar depois do primeiro de janeiro e 20 dias de seca mudarem completamente o cenário. Agora é tudo previsão”, disse, lembrando que o início da safra de sojaé crucial para o planejamento da safra de inverno, como o trigo. Apesar da cautela, a expectativa da cooperativa é que o Brasil possa atingir até 140 milhões de toneladas de milho nesta safra.