
Das 27 líderes setoriais que integram o ranking Valor 1000 deste ano, 14 também foram vencedoras na edição do ano passado. A renovação dos postos de melhores empresas, portanto, ocorreu em 13 setores. A título de comparação, na edição de 2024, 11 empresas haviam se mantido na liderança e a troca de lugares ocorreu em 16 setores; na de 2023, nove empresas permaneceram no topo e 17 desbancaram as antigas líderes (na época, eram 26 os setores analisados).
Nesta edição, as líderes de alguns setores se repetiram em relação ao ano passado (em alguns casos, as mesmas companhias figuram no topo da lista há mais tempo). A Ambev, por exemplo, foi novamente campeã do setor de alimentos e bebidas; a Sotreq, líder de comércio atacadista e exterior; e a RD Saúde, no comércio varejista. A Acciona foi a melhor do setor de construção e engenharia e a Afya, no setor de educação. E também figuraram novamente na lista CPFL Energia (energia elétrica), Lojas Renner (indústria da moda), WEG (mecânica), Gerdau (siderurgia), CBMM (mineração), Suzano (papel e celulose), Smart Fit (serviços especializados), B3 (serviços financeiros) e Embraer (veículos e peças).
Apenas uma companhia é novata na liderança de seu setor: a TAG, do setor de transportes e logística, é pela primeira vez campeã. As demais empresas que não estavam presentes na liderança da edição de 2024 já haviam ocupado o posto em outros anos. Foi o que aconteceu com a Comigo (agronegócio), a Sabesp (água e saneamento), a Inpasa (bioenergia), Whirlpool (eletroeletrônica), Cyrela (empreendimentos imobiliários), EMS (farmacêutica e cosméticos), Berneck (materiais de construção e acabamento), Shell (petróleo e gás), Évora (plásticos e borracha), White Martins (química e petroquímica), Rede D’Or (serviços médicos) e TIM (TI e telecom).
O setor de bancos é considerado à parte — no qual o Itaú Unibanco ocupa o topo do ranking pelo quarto ano consecutivo.
A escolha das campeãs setoriais do Valor 1000 é feita em duas etapas. A primeira começa com o levantamento da receita líquida do setor de atuação da empresa. São consideradas apenas aquelas que foram iguais à mediana da receita líquida ou a superaram. Depois, são analisados seis indicadores contábeis e financeiros, sendo os de maior peso a receita líquida, a margem Ebitda e a rentabilidade. As três melhores de cada setor então passam para uma fase de análise de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) — esta corresponde a 30% da nota final da empresa, enquanto os aspectos financeiros e contábeis, a 70%.
Como seria de esperar, dados os critérios do ranking, as 27 líderes desta edição cresceram mais que as mil empresas que integram o levantamento, se for considerado o parâmetro da receita líquida. Nas vencedoras, o indicador avançou 11,9% em 2024, enquanto nas demais a expansão ficou em 8,2%. Lucro da atividade e Ebitda também tiveram expansões mais robustas no grupo das líderes. Enquanto o lucro da atividade aumentou 26,5% nas vencedoras, avançou de forma mais tímida no grupo das mil maiores: 2,2% no ano passado. Já o Ebitda das campeãs subiu 19,8%, enquanto o das demais empresas, 6,5%.
Com relação ao lucro líquido, houve queda do indicador nos dois grupos, mas esta foi mais acentuada para o grupo das mil, que em 2024 lucraram 26,4% a menos do que em 2023. Nas vencedoras, o lucro líquido foi 11,8% menor no mesmo período.
Considerando o grupo das mil maiores do ranking, o setor que mais cresceu em 2024, quando o critério levado em conta é a receita líquida, foi o de comércio atacadista e exterior — o avanço de 34,1% foi puxado principalmente pelo desempenho de tradings como a Comexport, Sertrading e Timbro Trading, cujas receitas aumentaram 101%, 58,7% e 63,1%, respectivamente, em relação a 2023.
Em segundo lugar, veio a expansão da receita líquida do setor de água, saneamento e serviços ambientais, da ordem de 22%, refletindo não apenas recomposição tarifária, mas também a expansão do atendimento à população para cumprir as metas do Marco Legal do Saneamento Básico. Entre os crescimentos mais expressivos, estiveram os da Aegea (aumento de 62,3% da receita líquida), Sabesp (a líder do setor, com 41% de expansão na receita) e Ambipar (aumento de 31,6%).
Já na base da lista ficaram os setores de metalurgia e siderurgia e de agronegócio. A receita líquida das empresas do primeiro setor cresceu apenas 0,5% no ano passado. As siderúrgicas brasileiras vêm enfrentando o aumento da concorrência do aço importado, principalmente o proveniente da China.
Em último lugar ficaram as empresas do setor de agronegócio, que registraram em 2024 receita líquida 6,9% inferior à de 2023. A redução reflete a queda nos preços das commodities e quebras de safra de grãos por conta de eventos climáticos. Apesar disso, 90 empresas do setor figuram entre as mil maiores do país, mesmo número do anuário passado.