
As exportações brasileiras para o Canadá deram um salto de 16% entre janeiro e agosto de 2025, em comparação aos dados de 2024. O aumento coincide com as barreiras impostas por Donald Trump aos produtos nacionais e revela, na avaliação do governo brasileiro, o potencial que o mercado canadense pode ter como uma das alternativas diante do tarifaço americano.
Na semana passada, a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) realizou uma missão empresarial ao Canadá, liderada pela diretora de Negócios, Ana Repezza, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores. A programação incluiu rodadas de negócios entre empresas dos dois países e visitas técnicas.
Mas a viagem também estabeleceu um mapeamento inédito, realizado pelos dois governos, para identificar áreas para um potencial aumento ainda maior do comércio bilateral.
Segundo o estudo, mesmo diante de sucessivos recordes, ainda há amplo espaço para expansão das vendas. Em 2024, as exportações brasileiras ao Canadá somaram US$ 6,3 bilhões, com fluxo comercial de US$ 9,1 bilhões.
Até agosto de 2025, o Brasil já exportou US$ 4,5 bilhões, cerca de 16% de crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior.
Atualmente, a pauta de exportações brasileiras para o país é concentrada em ouro e produtos siderúrgicos, enquanto o Canadá se destaca na venda de fertilizantes para o Brasil.
O estudo aponta, no entanto, oportunidades em segmentos como frutas, amendoim, suco de laranja, café torrado, pescados, mel natural, vinhos, móveis e materiais de construção.
Muitos desses, como café, suco e móveis, passaram a sofrer entraves no mercado dos EUA. Para o governo brasileiro, porém, a realidade é que vários desses itens já atendem a requisitos de acesso ao mercado norte-americano e, portanto, têm alto potencial de inserção no mercado canadense.
O gerente de Inteligência da ApexBrasil, Gustavo Ribeiro, destacou que o mapeamento mostra que, além dos setores tradicionais como mineração, siderurgia e aeronáutico, há espaço para que o Brasil conquiste novos nichos no Canadá, em áreas como biocombustíveis e energias renováveis, além de ampliar a presença de alimentos e bens de consumo.
“O mercado canadense é sofisticado e oferece espaço para produtos brasileiros de qualidade”, afirmou.
Além da análise, a missão incluiu rodadas de negócios que reuniram, somente no primeiro dia, 25 empresas e entidades brasileiras e 40 compradores canadenses, reforçando a disposição de diversificação comercial entre os dois países.
“Este é um momento mais que oportuno para intensificar nossa presença no Canadá. O cenário internacional exige que o Brasil diversifique mercados, em um contexto de turbulência tarifária com os Estados Unidos e da retomada das negociações do Acordo Mercosul-Canadá, com perspectivas de concretização de negócios mapeados nos próximos meses”, destacou Ana Repezza.