Sérgio Carvalho colocou a Randoncorp no mapa das epresas de tecnologia

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Encerrou no começo de setembro a jornada de oito anos e sete meses de Sérgio L Carvalho na Randoncorp. Nos últimos três anos e nove meses como CEO. Ao longo do período o executivo transformou a companhia, que passou a desenvolver tecnologia própria, e mostrou ao mundo que é muito mais do que a empresa que começou fabricando reboques e semirreboques em Caxias do Sul, RS, 77 anos atrás.

Quando assumiu como CEO do grupo, em 2022, seu foco era a internacionalização da operação, o crescimento acelerado e o fortalecimento do comitê executivo. De lá para cá os principais indicadores financeiros, como receita, EBITDA e lucro líquido aumentaram de quatro a nove vezes, e 23 empresas foram adquiridas, o que posicionou tanto Randoncorp como Frasle Mobility de forma diferenciada no Exterior, além de prover ampliação do portfólio e maior presença no mercado de reposição.

Atualmente a Randoncorp conta com 19 mil funcionários – à época em que Carvalho entrou na empresa havia quadro de 8 mil pessoas, ou seja, houve acréscimo de 137%. Um ano antes de se juntar ao grupo o faturamento era de R$ 2,6 bilhões e, agora, a projeção é encerrar o ano com receita líquida de R$ 13 bilhões a R$ 15 bilhões. Expansão de até 477% em quase nove anos.

Presente com seus produtos em 125 países o grupo conta hoje com 33 operações industriais e dezoito centros de distribuição em treze países, como Alemanha, Argentina, China, Estados Unidos, Holanda, Índia, México, Reino Unido e Uruguai.

Em entrevista à Agência AutoData Sérgio Carvalho destacou que, além da relevante expansão internacional, orgulha-se da criação, no fim de 2017, de grupo para desenvolver tecnologias avançadas, período em que era CEO da Frasle e COO da Randon Auto Parts.

“Pensamos que a rotina da fábrica e a necessidade de dar resultados e cuidar da produção seriam prioridade e a tentativa de desenvolver produtos mais disruptivos ficaria em segundo plano. Então criamos equipe separada, para mostrar que estávamos indo para o jogo.”

Como resultado em menos de dois anos, em outubro de 2019, durante a Fenatran, foi apresentada a primeira carreta elétrica do mundo, a e-Sys, com tecnologia, eixo elétrico de tração, baterias, software, motores, tudo desenvolvido pela Suspensys: “Hoje ela está em produção, e embora ainda seja um produto de nicho pelos custos altos de bateria, a cada ano fica mais interessante economicamente. Foi tão inovador que só seis anos depois países europeus começaram a oferecer este tipo de produto. Então, pela primeira vez na história, brinco que o Brasil estava à frente da Alemanha no setor automotivo”.

Há dois anos os alemães desenvolveram item semelhante, mas muito básico, nas palavras de Carvalho, “com tecnologia muito pobre se comparada à nossa”. Este desenvolvimento, a propósito, foi o marco para colocar a Randoncorp, ainda Empresas Randon, no mapa das companhias que criam tecnologia.

“Internamente começou a gerar uma onda, porque o pessoal começou a acreditar que éramos capazes de criar coisas maravilhosas.”

Ele relatou que muitos profissionais da empresa quiseram juntar-se ao grupo e foi assim que nasceu o ICT, Instituto de Ciência e Tecnologia, hoje o terceiro maior emissor de patentes do País, atrás de Petrobras e Stellantis. No local são realizadas pesquisas em materiais, nanotecnologia e eletromobilidade e criadas soluções em automação e robótica industrial.

Implementos rodoviários respondem por 30% do faturamento do grupo

Outro ponto ressaltado em sua trajetória foi a mudança da estrutura da companhia, que até então dependia de segmentos muito voláteis e cíclicos, como os implementos rodoviários. Atualmente há cinco verticais de negócios, o que a tornou mais forte.

“O perfil de reboques e semirreboques responde hoje por, no máximo, 30% da empresa. O restante são outros negócios que cresceram e floresceram. Por esta razão mudamos o nome.”

Contratado para dirigir as autopeças, inicialmente, por até três anos, a expansão do segmento foi tamanha que o ramo, somada à Frasle, chegou a representar 65% da empresa: “Então eu já era responsável, antes de me tornar CEO, por 97% da empresa. Só não tinha o Banco Randon, que assumi com o novo cargo”.

Carvalho classifica a história de 77 anos do grupo em três blocos, sendo nas três décadas iniciais um negócio regional de Caxias do Sul, RS, dedicado aos implementos. Nos anos 1980 passou a trabalhar também com autopeças e a criar joint ventures e, nos últimos anos, cresceu de maneira acelerada, internacionalizou-se, desenvolveu novas tecnologias, mudou o seu perfil de negócio e, também, seu nome.

Agora Carvalho segue como conselheiro executivo sênior e prepara-se para trabalhar como consultor externo independente, a fim de contribuir com o planejamento estratégico da companhia. Ele também continua nos conselhos deliberativos das joint-ventures Master Freios e Jost Brasil.

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