O Brasil convive hoje com os juros reais mais elevados do mundo, em torno de 10% ao ano, o que representa um peso excessivo para os agentes econômicos e para a sociedade, pois desestimula investimentos, consumo e geração de empregos, comprometendo o crescimento futuro. Esta é a avaliação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que defende o início do ciclo de redução dos juros.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter mantido a taxa Selic em 15% ao ano, a Abit ressalta que “a atual taxa representa um encargo financeiro anual de R$ 1 trilhão, que será suportado e pago pelos contribuintes do País, pessoas físicas e jurídicas, de modo direto e indireto”.
Enquanto o Fomc (similar estadunidense ao Copom) cortou as taxas de juros pela primeira vez em nove meses, em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4% a 4,25% ao ano, aqui o BC manteve a Selic alegando que “os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”. O comunicado do Copomainda sustenta que “exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
“É compreensível que a política monetária seja cautelosa, sobretudo em um ambiente de incertezas fiscais. Contudo, os dados mais recentes mostram que a inflação cede e que as expectativas começam a se ancorar em níveis mais próximos da meta no horizonte relevante da política monetária”, avalia a Abit.
“Já é hora de iniciar um ciclo gradual de redução da taxa de juros. Uma trajetória de convergência para níveis menos restritivos, em linha com a melhora das expectativas inflacionárias, permitirá ao País recuperar dinamismo econômico e criar condições mais favoráveis para o desenvolvimento sustentável”, finaliza a entidade representativa da indústria têxtil e de confecção.
O Brasil segue com a segunda taxa de juros reais mais alta do planeta – descontada a inflação, fica em 9,51% – inferior apenas à da Turquia (12,34%).
Levantamento sobre os juros reais brasileiros em janelas móveis de 12 meses, feito por Eric Hatisuka, CIO do Mirabaud no Brasil, e publicado nesta quinta-feira pelo Monitor Mercantil, mostra que a média desde a implantação do Regime de Metas de Inflação (1999) é de 5,7% acima da inflação (IPCA).