De mero importador de produtos da cesta básica, inclusive feijão, a uma máquina de recordes na produção de grãos. Essa é mais uma incrível história de sucesso protagonizada pelo Brasil em apenas quatro décadas. Ao colher a maior safra da história no ciclo 2024/2025, o agronegócio demonstra porque é reconhecido como uma das fortalezas da nossa economia.
A colheita final das 15 culturas que compõem a safra chegará a 350,2 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Fenômeno de evolução baseada na produtividade, a safra é 16% superior ao ciclo anterior, com crescimento de apenas 2,3% na área plantada.
O elemento central do sucesso está no espírito empreendedor e modernizante do agronegócio brasileiro. Em 1984, o Brasil festejava uma colheita recorde de 60 milhões de toneladas. Hoje, a produção é seis vezes maior.
A grande capilaridade regional da produção já faz com que, pelas condições de insolação na região Norte, até três safras sejam colhidas a cada ciclo. A tendência é que outras regiões possam exibir o mesmo desempenho, com apoio da ciência e da visão empresarial do campo.
Por trás do sucesso do setor, está também a liderança de uma nova geração de dirigentes, agrônomos e técnicos, em muitos casos filhos e netos de produtores rurais pioneiros, que investiram na formação acadêmica de seus sucessores. Eles voltaram para casa com novas ideias e modelos de gestão para a propriedade da família.
Com isso, na contramão de outros países, o que vemos é uma renovação planejada no comando dos empreendimentos rurais. E isso explica a abertura para novas técnicas de produção e inovação dos modelos de negócios. Tratores autônomos, drones para plantio e sistemas de comunicação de vanguarda formam o cotidiano das operações agrícolas.
O Brasil tornou-se modelo no respeito à sustentabilidade ambiental com programas inéditos como o Integração Lavoura-Floresta-Pecuária (ILPF). Por meio da Embrapa e da iniciativa privada, tem desenvolvido sementes adequadas aos vários tipos de solo e mais resistentes a pragas e doenças.
Há, no momento, o desafio de aprimorar as condições para o fluxo crescente da produção. Sobretudo na logística de distribuição. A redução do custo financeiro é outro ponto de oportunidade. O agronegócio é uma proteção natural do Brasil contra intempéries globais inesperadas. Merece apoio para buscar novos recordes.
Na próxima coluna, o foco será o ciclo virtuoso da proteína animal, outra de nossas fortalezas econômicas.
*Luiz Carlos Trabuco Cappi
Presidente do Conselho de Administração do Bradesco