
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entregará na terça-feira, 23, maquinários agrícolas e caminhões-pipa para cerca de 250 municípios de pequeno porte do interior do Estado. O anúncio é mais um gesto do chefe do Executivo na tentativa de estreitar relação com os prefeitos – parte da classe reclama que o governador direciona esforços para grandes obras em detrimento das demandas locais.
“O governo tem que trabalhar bem no atacado e no varejo. Não adianta fazer um ou outro”, disse o secretário de Agricultura, Guilherme Piai (Republicanos) ao Estadão. “Esses municípios estão com muita dificuldade fiscal e os prefeitos assumiram neste ano cidades que estavam destruídas financeiramente. Temos que socorrê-los”, acrescentou.
A Secretaria de Agricultura filtrou cidades de pequeno porte do interior com grande extensão territorial e com estradas rurais para receber os equipamentos. São 304 máquinas, entre tratores, retroescavadeiras e rolos compactadores, que serão utilizados na manutenção e conservação das estradas. No total, serão investidos R$ 86 milhões. “O maior foco é ajudar os municípios pequenos”, disse Piai.
O governador tem repetido que será candidato à reeleição, cenário no qual é fundamental aproximar-se dos prefeitos que atuarão como cabos eleitorais em 2026. Tarcísio também é cotado para disputar a Presidência da República em 2026. Diante da indefinição, ele desenhou uma estratégia para deixar os dois cenários em aberto e não largar do zero quando tomar uma decisão.
Ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, as principais bandeiras do governo Tarcísio são obras bilionárias, como o túnel Santos-Guarujá, o novo Centro Administrativo do governo paulista e o Trem Intercidades, que ligará Campinas à capital.
Uma pesquisa qualitativa do Instituto Travessia publicada pelo Estadão mostra que, fora de São Paulo, o governador é frequentemente associado à figura de gestor que tira do papel grandes obras de infraestrutura. Por outro lado, há sinais de desgastes na avaliação dos paulistas sobre a gestão feita por ele.
“Se eu fosse pensar no que era popular, para que eu ia investir R$ 14 bilhões pra fazer um Trem Intercidades Campinas-São Paulo que vai ficar pronto em 2031? Eu poderia pulverizar esse dinheiro, partir para a política de paróquia, colher dividendos políticos”, disse Tarcísio em abril, ao explicar sua abordagem durante um evento.
“Não vou fazer isso. Para que eu estou trabalhando num projeto de Trem Santos-São Paulo que vai ficar pronto em 2027? Para que eu estou trabalhando no projeto da linha-14 que vai ficar pronto em 2042? Porque se a gente não fizer isso, ninguém vai fazer”, disse ele em abril.
Auxiliares de Tarcísio reconhecem que obras estruturantes foram priorizadas no início do governo e que agora é preciso dar mais atenção às prefeituras.
Em evento da Associação Paulista de Municípios onde jogou futebol com prefeitos no mês passado, o governador anunciou que 100 hospitais municipais receberão recursos da Tabela SUS Paulista, programa estadual que complementa os valores pagos pelo governo federal por procedimentos médicos na rede pública e que contempla inicialmente apenas santas casas e hospitais filantrópicos.
Tarcísio disse ainda que vai atender ao menos uma demanda de cada prefeito. No início do ano, o Executivo estadual pediu que cada administração municipal apresentasse uma lista com três obras e medidas prioritárias.