Balança comercial marítima recua 17% com queda em soja, petróleo e minério

O saldo da balança comercial brasileira por via marítima no primeiro semestre recuou 17,2% ante igual período de 2024, totalizando US$ 46,99 bilhões em valor FOB (Free on Board). O resultado reflete a queda das exportações (-3,5%), sobretudo de soja, petróleo e minério de ferro, que juntas perderam mais de US$ 8 bilhões na comparação anual, mostra o relatório semestral da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), antecipado ao Estadão/Broadcast.

A retração nos combustíveis teve como pano de fundo a menor quantidade exportada (-3,3%) e a baixa no valor médio da commodity (-7,9%). Já soja e minério mantiveram volumes relativamente estáveis, mas registraram forte queda no preço médio por tonelada (-9,6% e -16,6%, respectivamente), aponta o estudo da Coordenação de Pesquisas e Desenvolvimento.

No período, as importações subiram 4,8%, para US$ 97,7 bilhões. O avanço foi impulsionado pela maior demanda por máquinas e equipamentos industriais, que somaram US$ 13,8 bilhões (+12,4%). “Produtos farmacêuticos” e “Produtos químicos orgânicos” foram os segmentos com as maiores altas em volume, de 32,94% e 23,37%, respectivamente.

A corrente de comércio (exportações + importações) ficou em US$ 242,2 bilhões, leve recuo de 0,3%.

Murillo Barbosa, presidente da ATP, que reúne empresas de grande porte com 72 terminais portuários privados responsáveis por dois terços da movimentação do País, atribui os números a alterações tarifárias em grandes mercados, conflitos geopolíticos e eventos climáticos adversos.

O sistema portuário brasileiro movimentou 653,7 milhões de toneladas (+1%) no primeiro semestre de 2025, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Os terminais de uso privado (TUP) responderam por 422,3 milhões de toneladas (+1,9%), com market share de 64,6% do total movimentado nos portos brasileiros. Nesses terminais, minérios, escórias e cinzas representaram 85,8% da carga. Em termos relativos, o TUP Vetorial Logística foi o destaque, com alta de 172,7%.

Os portos públicos, por sua vez, movimentaram 231,5 milhões de toneladas, queda de 0,53%.

China

Entre os dez principais destinos das exportações brasileiras por via marítima no primeiro semestre, as vendas para a China recuaram 7,56%, totalizando US$ 47,5 bilhões (em valor FOB, Free On Board). Já as vendas para os Estados Unidos avançaram 2,83%, somando US$ 17,3 bilhões.

O recuo das vendas para a China está ligado, principalmente, a fatores externos que afetaram o comércio internacional, como alterações tarifárias e conflitos geopolíticos. “A queda nos preços internacionais de mercadorias como soja, petróleo e minério de ferro, que são as principais commodities enviadas para esse mercado. Mesmo com volumes relativamente estáveis, a redução no valor médio por tonelada impactou diretamente a receita registrada pelo comércio exterior”, explica a associação presidida por Murillo Barbosa.

No período, cresceram ainda as exportações do Brasil para a Argentina (57,62%), Coreia do Sul (16,52%), Índia (11,45%) e Alemanha (4,6%). Na outra ponta, caíram as vendas para Cingapura (-22,38%), México (-13,87%), Espanha (-10,47%) e Holanda (-1,07%).

Entre os produtos exportados, as maiores altas no semestre foram registradas em “Gorduras e óleos animais ou vegetais”, com avanço de 53,4%, e em “Café, chá, mate e especiarias”, que cresceram 49,1%.

Quanto ao tipo de carga, a carga contêinerizada teve o maior destaque no primeiro semestre de 2025, com alta de 6,2%, ou 78,1 milhões de toneladas.

Esse percentual corresponde ao total de operações nos terminais, incluindo embarques (exportações) e desembarques (importações). Do volume movimentado, 53,7 milhões de toneladas ocorreram no longo curso, 23,7 milhões na cabotagem e 0,7 milhão em navegação interior e apoio portuário, “evidenciando a importância desse perfil de carga para a integração entre comércio exterior e abastecimento interno”, destaca a ATP.

Entre os terminais de uso privado (TUP), o Terminal Portuário do Pecém apresentou o maior crescimento percentual na movimentação da carga contêinerizada, de 28,6%, ou 3,7 milhões de toneladas, aponta o relatório.

A análise mostra ainda que a carga geral e o granel sólido cresceram 5,2% e 0,7%, respectivamente. Já o granel líquido e gasoso recuou 1,4%, reflexo da menor movimentação de combustíveis minerais.

Na movimentação portuária por regiões, o destaque foi o Centro-Oeste, que registrou o maior crescimento no período (77,1%). “Apesar do aumento expressivo, o número absoluto foi de 4,8 milhões de toneladas. Isso se deve à recuperação, em 2025, da seca severa enfrentada em 2024, que baixou os níveis do Rio Paraguai e paralisou operações portuárias, gerando prejuízos significativos”, ressalta o relatório.

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