A indústria siderúrgica e de manufatura mexicana enfrenta um panorama complexo marcado pela desaceleração econômica e pela incerteza gerada pelas novas medidas tarifárias internacionais, de acordo com a Solunion México em seu Relatório da Indústria Siderúrgica Mexicana.
“É essencial que as empresas dos setores metalúrgico e de manufatura no México adotem estratégias para mitigar riscos, adaptar a produção para maximizar os lucros e responder a interrupções na cadeia de suprimentos”, disse a seguradora especializada em gestão de riscos comerciais.
O relatório destaca a estreita relação da indústria siderúrgica com setores estratégicos como automotivo, construção civil e maquinário. No entanto, a situação se complica ainda mais com a decisão dos Estados Unidos, em 19 de agosto, de aumentar as tarifas sobre 407 produtos mexicanos de aço e alumínio para 50%, desde autopeças a utensílios de cozinha.
Essas medidas não afetam apenas os produtores diretos de aço, mas também os fabricantes que utilizam esses metais em seus produtos finais ou embalagens. “Empresas que não produzem aço ou alumínio também serão afetadas”, alertou a análise, que exige a revisão da classificação tarifária de cada produto para determinar a porcentagem de metal que ele contém.
Embora se preveja um impacto negativo nos indicadores econômicos, a Solunion reconheceu que “ainda não há estatísticas generalizadas sobre o impacto real devido à dinâmica das decisões políticas dos Estados Unidos”. O ponto-chave, segundo a seguradora, será o acordo bilateral, que será negociado em até 90 dias, a partir de agosto de 2025.
No início de junho, a presidente Claudia Sheinbaum criticou duramente a decisão do governo dos EUA de impor uma tarifa de 50% sobre as importações de aço e alumínio, chamando-a de “injusta, insustentável e sem base legal”.
Durante sua coletiva de imprensa matinal no Palácio Nacional, Sheinbaum explicou que a medida afeta diretamente a indústria mexicana, observando que “o México importa mais aço e alumínio do que exporta”, o que contradiz o argumento comercial que justificaria uma tarifa de tal magnitude. Ela também enfatizou que existe um acordo comercial entre os dois países, portanto a decisão carece de base legal.
Relevância do setor
A indústria siderúrgica é um pilar da economia nacional. No primeiro trimestre de 2025, o PIB do setor cresceu 2% em relação ao final de 2024, atingindo US$ 430,537 bilhões de pesos, com uma contribuição de 5,5% para as atividades secundárias e 1,7% para o PIB total.
No entanto, enfrenta desafios para atrair capital. O investimento estrangeiro direto (IED) nas indústrias de metais básicos caiu 56,9% em 2024, em parte devido a mudanças regulatórias e ao congelamento de novas concessões de mineração. Em contraste, a fabricação de produtos metálicos se recuperou, com um aumento de 24,2% no IED durante o primeiro trimestre de 2025.
As exportações também apresentam queda. Entre janeiro e junho deste ano, as vendas externas de fundições de ferro e aço totalizaram US$ 4,436 bilhões, uma queda de 9,5% em relação ao ano anterior. Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino, respondendo por 79,1% das exportações mexicanas de aço em 2024.
Panorama internacional
O aço é um insumo estratégico globalmente. Em 2024, a China liderou a produção com 1,005 bilhão de toneladas, seguida pela Índia (149,4 milhões de toneladas) e Japão (84 milhões de toneladas). O México ocupa a 15ª posição, com 13,8 milhões de toneladas, à frente do Canadá.
Em 2025, a produção global deverá apresentar desempenho misto: a China caiu 3% no primeiro semestre, o Japão caiu 5% e a Índia cresceu 9,2%. Nos Estados Unidos, os preços das bobinas de aço giraram em torno de US$ 840/t em agosto, refletindo a volatilidade associada a tensões geopolíticas, custos de matérias-primas e a atual incerteza tarifária.
“A análise da indústria se torna essencial neste contexto de incerteza”, concluiu a Solunion México, alertando que as decisões comerciais bilaterais determinarão a direção imediata de um dos setores mais importantes para a economia mexicana.