Mercado de caminhões ensaia reação em setembro, mas recuperação plena só deve vir em 2026

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Depois de um ano marcado por retração, o mercado de caminhões voltou a dar sinais de fôlego em setembro. Foram 9.579 unidades licenciadas no mês, alta de 8,8% sobre agosto. O resultado é um alento para um setor que convive há meses com números negativos, em especial por causa dos juros elevados e da dificuldade de acesso ao crédito.

Apesar do desempenho positivo no comparativo mensal, o acumulado do ano segue no vermelho: queda de 7,6% frente a 2024, com 81.843 caminhões vendidos de janeiro a setembro. A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mantém a previsão de retração de 7% no fechamento de 2025, mas analistas já veem sinais de que o movimento de setembro pode ser um ponto de inflexão.

“Esse resultado mostra que a demanda existe, mas está represada. Com a melhora das condições de crédito, há espaço para uma retomada mais consistente em 2026”, afirma um executivo do setor ouvido pela reportagem.

Por que o setor patina?

A combinação de Selic em torno de 15% ao ano, encarecendo os financiamentos, e a atividade econômica mais fraca em segmentos-chave, como indústria e agronegócio, trava os planos de renovação de frota.

Além disso, muitos transportadores já haviam renovado suas frotas em anos anteriores, durante um ciclo mais aquecido, reduzindo o “estoque de demanda” no curto prazo.

Outro obstáculo é o custo elevado do crédito corporativo: empresas de transporte, especialmente as de médio e pequeno porte, enfrentam restrições de acesso ao financiamento, o que limita a capacidade de investimento.

Um respiro em meio às incertezas

Mesmo com esse cenário, a alta de setembro foi recebida como um sinal de resiliência. Para a Fenabrave, o crescimento mensal revela que o setor não perdeu dinamismo — apenas aguarda condições macroeconômicas mais favoráveis.

Outro fator que pode sustentar uma retomada é a necessidade de renovação tecnológica. Caminhões mais novos oferecem ganhos em eficiência e atendem a normas ambientais mais rigorosas, o que pressiona empresas a planejar investimentos, mesmo diante do crédito restrito.

Além disso, cresce a busca por alternativas ao modelo tradicional de compra: o mercado de seminovos e as opções de leasing ganham espaço entre transportadores que precisam expandir ou renovar a frota com menor desembolso inicial.

Olhos voltados para 2026

O consenso entre analistas é que 2025 deve terminar em queda, mas com uma curva ascendente a partir do quarto trimestre, preparando terreno para uma retomada em 2026.

Se a inflação seguir sob controle e houver espaço para redução gradual da Selic, especialistas acreditam que o mercado de caminhões pode voltar ao campo positivo já no próximo ano. Empresas de leasing e bancos também devem ampliar ofertas de financiamento, criando novas oportunidades para transportadores.

A expectativa também é que o agronegócio e a indústria retomem fôlego em 2026, fatores fundamentais para impulsionar a demanda por transporte de cargas e, consequentemente, por novos veículos pesados.

“A reação ainda é tímida, mas pode marcar o início de um ciclo mais saudável. O mercado já sinaliza que está pronto para acelerar assim que a economia permitir”, afirma um analista consultado.

Entre riscos e esperanças

O otimismo, no entanto, vem acompanhado de cautela. Uma manutenção prolongada dos juros altos ou turbulências fiscais podem adiar a recuperação. Já um avanço do PIB acima das expectativas, puxado pelo agronegócio ou pela indústria, pode acelerar a retomada do transporte pesado.

De qualquer forma, o desempenho de setembro mostrou que, mesmo em marcha lenta, o mercado de caminhões não está parado. Para muitos, o mês pode ter sido menos um alívio pontual e mais um prenúncio da virada que o setor aguarda para 2026.

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