De enlatados a peças automotivas, tarifas de Trump começam a afetar preços ao consumidor dos EUA

Os custos das tarifas estão começando a elevar os preços de bens de consumo nos Estados Unidos, desde latas de sopa até peças de automóveis, mesmo enquanto a inflação geral do país aumenta em um ritmo moderado.

Dados oficiais e declarações de empresas estão apontando para aumentos acelerados de preços em uma variedade de produtos dependentes do comércio, depois que as empresas venderam estoques e começaram a transferir o ônus das tarifas para os consumidores.

Dados do Departamento de Estatísticas de Trabalho mostram que, nos seis meses até agosto, os preços de equipamentos de áudio aumentaram 14%, vestidos subiram 8% e ferramentas, hardware e suprimentos aumentaram 5%. A maioria desses produtos é importada.

“Nos últimos dois anos, a inflação de bens foi praticamente zero. Estamos começando a vê-la aumentar gradualmente”, disse Mark Mathews, economista-chefe da National Retail Federation.

O presidente Donald Trump promoveu um choque nos mercados globais em abril, quando anunciou tarifas “recíprocas” a praticamente todos os países com quem os EUA mantêm relações comerciais. Mas a cruzada tarifária do republicano tem sido menos prejudicial do que muitos economistas temiam, com a taxa de inflação geral dos EUA marcando 2,9% em agosto.

Estratégias de varejistas amorteceram o impacto. Alguns apressaram importações para fugir das tarifas, outros estão protegendo margens pelo aumento de preços em itens específicos. A rede varejista Cotsco, por exemplo, reduziu a oferta de itens importados para festas de fim de ano, como brinquedos e decorações, e aumentou a de saunas e armazéns para quintais, disse o diretor executivo Ron Vachris a analistas na semana passada.

Mas muitas empresas estão se tornando mais explícitas sobre aumentos de preços à medida que reajustam os custos de produtos importados, que representam pouco mais de um décimo dos gastos dos consumidores americanos.

Desde abril, grandes varejistas aumentaram os preços de 11 de 29 produtos da “linha suave”, como camisetas e sapatos; 12 de 18 “linhas duras”, como bicicletas e máquinas de lavar louça; e cinco de 16 itens esportivos, de acordo com a Telsey Advisory Group, empresa de Wall Street voltada a pesquisas e análises econômicas.

“Isso nos indica que as tarifas fazendo os preços subirem”, disse Joe Feldman, analista da Telsey.

A Ashley Furniture, a maior fabricante de móveis do mundo, planeja aumentar os preços da maioria de seus produtos entre 3,5% e 12% a partir deste domingo (5), de acordo com um aviso enviado aos clientes.

“A situação contínua das tarifas criou desafios significativos com impactos de custos em toda a nossa indústria”, afirmou a companhia, que não respondeu a pedidos de comentário do FT.

O aviso veio antes do anúncio de Trump desta semana sobre uma nova tarifa de 25% sobre móveis estofados, que entrará em vigor em 14 de outubro.

Na varejista de autopeças AutoZone, “provavelmente haverá mais” aumentos de preços à medida que o impacto total das tarifas começar a aparecer, disse o diretor executivo Philip Daniele a analistas no final do mês passado.

Ele disse que muitos clientes estariam dispostos a pagar. “Se o motor de arranque quebrar, seu carro não vai dar partida”, disse Daniele. Os motoristas enfrentam uma escolha: “Ou pedir carona, consertar seu carro ou pegar um Uber”.

Os preços do café têm aumentado, em parte devido a tarifas de 50% sobre o Brasil, o maior exportador mundial de café. Tarifas sobre aço estanhado importado também elevaram o preço das latas de alimentos.

[Americanos fazendo compras de itens como eletrodomésticos, eletrônicos, mantimentos e outras necessidades domésticas na Costco em Marina del Rey, Califórnia, em 4 de abril de 2025. No primeiro fim de semana desde que o presidente Donald Trump anunciou tarifas abrangentes, muitos compradores tentaram se antecipar aos aumentos de preços esperados, enquanto outros mostraram paciência. ORG XMIT: XNYT0796]

Americanos fazendo compras de itens como eletrodomésticos, eletrônicos, mantimentos e outras necessidades domésticas na Costco em Marina del Rey, Califórnia, em 4 de abril de 2025. No primeiro fim de semana desde que o presidente Donald Trump anunciou tarifas abrangentes, muitos compradores tentaram se antecipar aos aumentos de preços esperados, enquanto outros mostraram paciência. ORG XMIT: XNYT0796. NYT/Mark Abramson

[Compradores realizando compras de itens como eletrodomésticos, eletrônicos, mantimentos e outras necessidades domésticas na Costco em Marina del Rey, Califórnia, em 4 de abril de 2025. No primeiro fim de semana desde que o presidente Donald Trump anunciou tarifas abrangentes, muitos compradores tentaram se antecipar aos aumentos de preços esperados, enquanto outros mostraram paciência. ORG XMIT: XNYT0436]

Compradores realizando compras de itens como eletrodomésticos, eletrônicos, mantimentos e outras necessidades domésticas na Costco em Marina del Rey, Califórnia, em 4 de abril de 2025. No primeiro fim de semana desde que o presidente Donald Trump anunciou tarifas abrangentes, muitos compradores tentaram se antecipar aos aumentos de preços esperados, enquanto outros mostraram paciência. ORG XMIT: XNYT0436. NYT/Mark Abramson

“Somos limitados quanto a onde podemos obter aço estanhado. E, como resultado, temos que considerar alguns aumentos cirúrgicos de preços”, disse Carrie Anderson, diretora financeira da fabricante de sopas Campbell’s, em uma conferência no mês passado.

Uma pesquisa do Institute for Supply Management divulgada na última sexta-feira apontou preocupações com tarifas em indústrias como serviços de alimentação, construção e utilidades.

“As tarifas continuam a injetar um nível desnecessário de incerteza em toda a economia, e os custos agora estão começando a aumentar com o efeito total das tarifas entrando em vigor”, disse um executivo imobiliário anônimo à pesquisa.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada que, até agora, importadores e varejistas dos EUA, e não os consumidores americanos, arcaram com a maior parte do ônus das tarifas de Trump.

Nathan Sheets, economista-chefe global do Citigroup, estima que os consumidores americanos pagaram apenas 30% a 40% do custo das tarifas, com cerca de dois terços sendo suportados pelas empresas. Mas ele prevê que a participação dos consumidores se expandirá para 60% nos próximos meses.

“Achamos que há mais por vir para o consumidor”, disse ele.

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