
O setor agropecuário brasileiro é um dos pilares da economia nacional, responsável por mais de um quarto do PIB e por milhões de empregos diretos e indiretos. Mas, por trás das cifras, há um desafio silencioso que ainda ameaça a produtividade e a vida de muitos trabalhadores: a segurança no campo.
É justamente nesse ponto que entra a Norma Regulamentadora nº 31 (NR-31), que estabelece diretrizes sobre segurança e saúde no trabalho rural.
Publicada pelo Ministério do Trabalho, a NR-31 é um marco na proteção de quem atua no campo. Ela determina condições mínimas de segurança, saúde e conforto, abordando desde o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) até o manejo de agrotóxicos, transporte de cargas e alojamentos.
O que a norma exige
Entre os principais pontos da NR-31 estão:
Treinamento obrigatório para trabalhadores que operam máquinas, aplicam defensivos agrícolas ou executam atividades com risco potencial.
Fornecimento gratuito de EPIs, adequados ao tipo de tarefa e ao ambiente de trabalho.
Fiscalização de condições sanitárias, com acesso a água potável, instalações sanitárias e locais adequados para refeição e descanso.
Controle e armazenamento seguro de produtos químicos, evitando contaminações e intoxicações.
Cuidados com alojamentos e transporte, garantindo que os deslocamentos e estadias ocorram com segurança e dignidade.
Essas exigências não se limitam a grandes fazendas — elas valem também para pequenas propriedades e empreendimentos familiares. A responsabilidade é compartilhada entre empregadores, empregados e prestadores de serviço.
Desafios e avanços
Nos últimos anos, o campo brasileiro vem passando por um processo de modernização que inclui mecanização, digitalização e novas práticas de gestão de pessoas. Apesar disso, acidentes continuam a ocorrer, sobretudo em regiões onde a fiscalização é menor e o acesso à informação é limitado.
De acordo com dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o setor agropecuário ainda figura entre os que mais registram acidentes laborais — muitos relacionados a quedas, intoxicações e uso inadequado de máquinas.
Para especialistas, o cumprimento da NR-31 é também uma questão de competitividade. “Empresas que adotam boas práticas de segurança reduzem afastamentos, evitam passivos trabalhistas e melhoram sua imagem no mercado”, afirma o engenheiro de segurança rural João Mendes, consultor do setor.
Um futuro mais seguro
O debate sobre segurança no campo vem ganhando força com a chegada de novas gerações ao agro. Jovens produtores e profissionais estão mais atentos à gestão sustentável e à qualidade de vida no ambiente rural.
Programas de capacitação, como os oferecidos pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), têm sido aliados importantes na disseminação da cultura de prevenção.
A NR-31, portanto, não é apenas uma exigência legal — é um instrumento de cidadania e de valorização da vida no campo. Cumpri-la é garantir que o agro brasileiro continue crescendo com responsabilidade, tecnologia e respeito às pessoas que fazem tudo acontecer.