Móveis, madeira, utensílios: Como as novas tarifas de Trump podem agravar crise imobiliária nos EUA

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A mais recente rodada de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltadas para madeira, móveis e outros artigos de decoração, pode elevar o custo de construção e aquisição de imóveis, pressionando ainda mais um setor imobiliário já enfraquecido.

Em uma declaração esta semana, Trump disse que iria impor tarifas sobre madeira, móveis, armários de cozinha e pias de banheiro importados a partir de 14 de outubro. O presidente disse em uma publicação nas redes sociais que elas eram necessárias para proteger a indústria americana devido à “grande ‘INUNDAÇÃO’ desses produtos” nos Estados Unidos.

Analistas afirmaram que as altas taxas podem agravar a escassez de moradias em todo o país, ao desacelerar o ritmo de construção de novas casas. Os custos mais altos, bem como as pesadas tarifas sobre o aço e o alumínio que entraram em vigor em junho, também podem atenuar qualquer impulso que o mercado imobiliário possa ter obtido com o início da redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (o Fed, equivalente ao Banco Central americano). Trump passou meses exigindo taxas mais baixas para ajudar a reduzir as taxas de hipotecas.

“Essas tarifas são realmente difíceis de entender, considerando que o presidente disse aos seus apoiadores: ‘Quero reduzir a inflação, quero reduzir as taxas de juros, quero ajudar a criar uma sociedade de proprietários para vocês, seus amigos e familiares’”, afirmou Anirban Basu, economista-chefe da Associated Builders and Contractors, uma associação nacional do setor de construção civil.

Em duas semanas, os Estados Unidos começarão a cobrar uma tarifa de 10% sobre madeira e tábuas importadas, bem como uma tarifa de 25% sobre armários de cozinha, pias de banheiro e móveis estofados. Em 1º de janeiro, as tarifas sobre armários e pias aumentarão para 50%, e as tarifas sobre móveis estofados subirão para 30%.

Muito sobre as implicações da política permanece incerto, incluindo se as empresas arcarão com os custos extras. O governo Trump argumentou que os fornecedores estrangeiros pagam as tarifas. No entanto, muitas empresas americanas começaram a repassar o custo das outras tarifas de Trump aos consumidores.

Embora Trump tenha falado em revitalizar o mercado imobiliário dos EUA, as novas tarifas provocaram rápidas condenações por parte das construtoras que dependem de materiais do exterior.

“A ação do Departamento de Comércio dos EUA de impor novas tarifas sobre todas as importações de madeira, tábuas, armários de cozinha e móveis criará obstáculos adicionais para um mercado imobiliário já desafiado, aumentando ainda mais os custos de construção e reforma”, disse Buddy Hughes, presidente da Associação Nacional de Construtoras, em comunicado na terça-feira, 30.

A associação estimou que US$ 14 bilhões, ou 7% de todos os produtos utilizados em novas construções residenciais, vieram de países estrangeiros.

William Cote, diretor executivo da Hudson Meridian Construction Group, uma empreiteira geral em Nova York, disse que alguns clientes que haviam suspendido projetos enquanto aguardavam a queda das taxas de juros começaram a sinalizar que estavam se preparando para seguir em frente. Agora, ele está preocupado que as tarifas levem a mais atrasos.

A maior parte dos armários de cozinha que ele usa em seus projetos, que incluem condomínios, moradias populares e abrigos para sem-teto, são importados do Vietnã, da Indonésia e da Itália.

“As tarifas estão obviamente atrapalhando tudo isso e criando outra incerteza”, disse ele.

Os novos direitos alfandegários chegam em um momento particularmente desafiador para o mercado imobiliário. As taxas de juros persistentemente altas têm deprimido as vendas de imóveis. A construção de novas casas unifamiliares, que aumentou durante a pandemia, caiu em agosto para o nível mais baixo desde julho de 2024.

“O mercado imobiliário não está em uma boa situação, para dizer o mínimo”, disse Daryl Fairweather, economista-chefe da Redfin, uma corretora imobiliária online.

As tarifas de Trump podem aumentar o custo de construção de casas, o que pode resultar em menos casas sendo construídas, disse ela. E pode haver efeitos em cadeia, incluindo preços mais altos para seguros residenciais, pois as casas e seus componentes custariam mais para serem substituídos.

A reforma de casas também pode se tornar mais cara sob o plano tarifário de Trump, elevando os preços para inquilinos e compradores.

“O impacto direto é que será pior para a economia”, disse Wayne Winegarden, economista do Pacific Research Institute, um think tank.

Ainda assim, as altas tarifas receberam elogios da American Kitchen Cabinet Alliance, o braço de política comercial da Kitchen Cabinet Manufacturers Association. Em uma carta enviada a Trump no mês passado, o grupo o instou a impor uma “tarifa forte” sobre armários, argumentando que os países estrangeiros “continuam a travar uma guerra econômica contra a indústria nacional de armários dos Estados Unidos”.

Em um comunicado, a aliança agradeceu a Trump por impor as tarifas e elogiou seu “compromisso com a reconstrução da indústria nacional”.

A American Home Furnishings Alliance, que representa mais de 250 fabricantes e distribuidores de móveis, disse em comunicado que as tarifas beneficiariam empresas que produzem em massa itens estofados, como sofás e cadeiras, porque têm custos de produção mais baixos.

“Essas fábricas são as que mais provavelmente verão um aumento na demanda por seus produtos fabricados no país”, afirmou.

Mas o grupo também sugeriu que as consequências da política comercial de Trump não eram claras.

“Uma cadeia de abastecimento global complexa”, afirmou, “alimenta tanto a fabricação nacional quanto as operações de importação na indústria moveleira dos EUA”.

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