Trecho Salgueiro-Suape terá de corrigir falhas técnicas, diz especialista

Um dos maiores especialistas em transporte em Pernambuco, o professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fernando Jordão, faz um alerta que pelo menos duas distorções do traçado antigo do trecho Salgueiro-Suape da Ferrovia Transnordestina deveriam ser corrigidos no novo traçado deste trecho ferroviário. “No projeto anterior, o trecho Salgueiro-Suape foi inviabilizado, principalmente, por causa de dois fatores. Colocaram a bitola que não era a mais apropriada as cargas que seriam transportadas para Suape. E aproximadamente 16% do traçado apresentavam rampas e curvas inadequadas, sendo necessário um helper, uma terceira locomotiva para tracionar os trens”, resume Fernando.

O helper deixaria a operação mais onerosa em 88 km dos 540 km do trecho Salgueiro-Suape da ferrrovia pernambucana. Os 88 km que apresentam curvas e rampas inadequadas estão entre Salgueiro e Custódia, segundo Fernando Jordão. As obras deste trecho começaram em 2006, estão paralisadas desde 2016 e será lançado, pelo governo federal, um novo traçado.

Outra crítica que o especialista faz, ao projeto anterior, é o fato da bitola larga ter sido escolhida no trecho Salgueiro-Suape. Segundo Fernando Jordão, a bitola larga é mais adequada pra uma carga densa, como por exemplo, minério de ferro, ideal para um trem que carrega 130 toneladas. Ele cita que uma carga como gipsita – mais leve do que o minério de ferro – lota o trem em volume, mas não alcança o peso de 130 toneladas e isso deixaria a ferrovia menos competitiva.

“Se isso for feito errado, vamos passar 30 anos operando um trem de forma errada, mais caro e inadequado as cargas que podem circular de trem até o Porto de Suape”, comenta Fernando Jordão, se referindo ao uso da bitola larga. E a ferrovia pernambucana vai ter concorrência com o trecho Salgueiro-Pecém, da Ferrovia Transnordestina, que usa bitola mista, podendo se adequar a qualquer tipo de carga.

O ideal, de acordo com o especialista, seria o trecho Salgueiro-Suape ter uma bitola mista, podendo se adequar ao tipo de carga que seria transportada de uma forma mais eficiente. O uso somente da bitola larga pode deixar o custo operacional da ferrovia mais elevado, quando não for transportada a carga mais adequada. Um exemplo de carga mais adequada para a bitola larga é o minério de ferro, por exemplo, que ao encher um trem pesa 130 toneladas.

Situação atual trecho Salgueiro-Suape

Atualmente, a estatal do governo federal Infra S.A. contratou estudos básicos e executivos do trecho pernambucano da ferrovia.

A Infra informa que os estudos referentes ao trecho Salgueiro–Suape estão em fase de detalhamento. As análises técnicas em andamento irão definir aspectos como a solução de bitola e eventuais adequações de traçado.

A expectativa é de que, até o final de outubro, seja lançado um edital para contratar uma empresa que retome as obras do trecho Salgueiro-Suape, como já foi dito pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, quando esteve em Pernambuco no começo de setembro.

Conexões Transnordestina

O traçado do trecho Salgueiro-Suape da Transnordestina e o impacto deste empreendimento, especialmente na economia do Agreste, será o centro do debate da 5ª edição do Seminário Conexões Transnordestina- A Ferrovia que mudará Pernambuco, que acontecerá em Caruaru, no dia 14 de outubro. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo Sympla.

Caruaru será a quinta cidade a receber o Conexões Transnordestina. Itinerante, o evento já passou por Salgueiro, Petrolina, Araripina e Belo Jardim. Realizado pelo Movimento Econômico e com o patrocínio da Sudene e governo de Pernambuco. O objetivo é discutir o impacto da ferrovia fundamental para melhorar a competitividade da economia de Pernambuco e estados vizinhos.

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