
Um setor que não para de crescer
O setor de Serviços Especiais de Engenharia (SEE) se tornou o principal destaque do Ranking 500 Grandes da Engenharia Brasileira 2025, publicado pela Revista O Empreiteiro.
Com um crescimento de 35,3% apenas em 2024, o segmento atingiu R$ 34,29 bilhões em faturamento, consolidando-se como o mais dinâmico da engenharia nacional.
Desde 2018, o avanço acumulado chega a 297%, um salto histórico que reflete a transformação tecnológica, ambiental e regulatória pela qual o setor vem passando.
O que são os Serviços Especiais de Engenharia
Os SEE abrangem empresas que atuam em serviços técnicos especializados, complementares à construção pesada e à montagem industrial.
Isso inclui atividades como:
Engenharia ambiental e saneamento industrial,
Fundações e geotecnia,
Manutenção e inspeção de estruturas,
Ensaios, instrumentação e controle tecnológico,
Reabilitação e recuperação de obras de infraestrutura.
Essas empresas, muitas vezes de médio porte, vêm ganhando espaço pela capacidade de entregar soluções sob medida, de alta complexidade técnica e baixo impacto ambiental — uma tendência alinhada ao avanço da pauta ESG e à busca por produtividade nas obras.
Engenharia ambiental assume protagonismo
Entre os subsegmentos que mais contribuíram para o crescimento estão as empresas de engenharia ambiental e gestão de resíduos.
O novo marco do saneamento e as metas de descarbonização do setor industrial abriram um campo fértil para companhias como Ambipar, Solví, Revita, Fundsolo e Geohidro.
Essas empresas ampliaram contratos em tratamento de efluentes, remediação de áreas contaminadas, reaproveitamento de resíduos e controle de emissões atmosféricas — atividades que se tornaram essenciais para o cumprimento das metas de sustentabilidade e conformidade ambiental.
“Hoje, engenharia e meio ambiente são áreas indissociáveis. A inovação está na interseção entre sustentabilidade e eficiência operacional”, destaca o relatório do Ranking 500 Grandes.
Geotecnia, fundações e inspeções técnicas: base do crescimento estrutural
Outro motor do crescimento é o avanço de empresas voltadas a fundações, sondagens e controle tecnológico de obras.
Companhias como Tecnosolo, Fundsolo, Estaca Técnica e Sotepa ampliaram contratos em obras de infraestrutura pesada, ferrovias e saneamento, áreas onde a qualidade técnica e a precisão executiva são fatores decisivos.
O segmento de inspeções e monitoramento estrutural também ganhou relevância, acompanhando o aumento das demandas por segurança de barragens, estabilidade de encostas e manutenção de pontes e viadutos.
Tecnologia e ESG no centro da inovação
A digitalização dos processos é outro fator-chave.
Empresas do setor vêm adotando tecnologias como:
BIM 4D e 5D para modelagem preditiva de projetos,
Sensores IoT e drones para inspeção remota,
Machine Learning e Analytics para prever falhas em estruturas e reduzir custos de manutenção.
Essas inovações tornam os SEE um elo estratégico na cadeia de valor da engenharia, conectando dados de campo com planejamento de obras e gestão ambiental.
Ao mesmo tempo, a pressão por soluções ESG (ambiental, social e de governança) transformou o papel dessas empresas: não são mais apenas prestadoras de serviço técnico, mas agentes de inovação e sustentabilidade no setor.
Expansão regional e novas oportunidades
Embora o eixo Sudeste ainda concentre a maior parte das empresas, o levantamento mostra o surgimento de novos polos no Sul, Nordeste e Centro-Oeste, impulsionados por obras de saneamento, energia e infraestrutura verde.
No Nordeste, por exemplo, empresas locais de engenharia ambiental e fundações vêm conquistando contratos com multinacionais, enquanto no Centro-Oeste o agronegócio e os parques solares criaram demanda crescente por serviços de manutenção e inspeção de estruturas metálicas e civis.
Perspectivas: o futuro da engenharia passa pelos SEE
A tendência é que o segmento continue crescendo acima da média do setor até 2028.
A previsão é de que a demanda por serviços ambientais, tecnológicos e de manutenção aumente à medida que o Brasil avança em concessões e amplia o investimento em infraestrutura sustentável.
Empresas que souberem unir inovação tecnológica, governança e sustentabilidade estarão no centro da próxima transformação da engenharia brasileira.
Os Serviços Especiais de Engenharia são hoje o termômetro da modernização do setor.
Seu crescimento reflete não apenas o aumento da demanda, mas também a mudança de mentalidade de toda a cadeia — que passou a valorizar a engenharia de precisão, a eficiência e o impacto ambiental positivo.
Mais do que um segmento, os SEE representam o futuro da engenharia brasileira: especializado, tecnológico e sustentável.