Dentro do plano dos primeiros 100 dias de atuação, iniciado em julho, a Nova 364 – concessionária responsável pelo trecho da BR-364 em Rondônia (Rota Agro Norte) – começou as operações emergenciais em toda a extensão concedida. As frentes de trabalho irão priorizar a recuperação funcional do pavimento, a drenagem e a sinalização provisória. Segundo a concessionária, pontos críticos com buracos e trechos com alto risco de acidentes serão os primeiros a receber intervenção. Outro trecho de 490 km da BR-364, entre Goiás e Mato Grosso, foi arrematado em agosto pelo Consórcio Rota Agro Brasil, liderado pela Azevedo & Travassos.
No caso da Rota Agro Norte, a fase inicial de obras deve gerar mais de 2.000 empregos diretos e indiretos, com mobilização de pessoal técnico, operadores e equipes de apoio logístico. “As ações emergenciais contemplam recomposição do pavimento asfáltico, manutenção e substituição de sinalização vertical e horizontal, reparos em sistemas de drenagem e recuperação de acostamentos, com poda, roçada e limpeza da faixa de domínio”, afirma Wagner Nunes Martins Junior, diretor-presidente da Nova 364.
Essas ações foram definidas, segundo ele, a partir de mapeamento técnico, vistorias de campo e levantamento dos trechos com maior índice de degradação e acidentes. A atuação ocorre de forma setorizada, com mobilização de usinas móveis de asfalto, fresadoras, caminhões de apoio e estruturação de frentes de trabalho simultâneas, apoiadas por bases operacionais móveis ao longo da rodovia.
O cronograma de obras da Rota Agro Norte está dividido em três fases: no curto prazo (primeiro ano da concessão), fazem parte as ações emergenciais do plano dos 100 dias; entre o segundo e o oitavo ano da concessão (médio prazo), entram as duplicações, faixas adicionais, passarelas, travessias urbanas e obras de arte especiais (OAEs) reformadas; por fim, no longo prazo (até o 30º ano, final da concessão), estão a manutenção contínua, ampliações condicionadas a gatilhos volumétricos e novas obras. As metas são fiscalizadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com obrigações contratuais para cada etapa, e penalidades em caso de descumprimento.
51 OBRAS DE ARTE ESPECIAIS CONSTRUÍDAS OU REFORMADAS
Ao longo do contrato de concessão, várias obras estruturais estão previstas na BR-364. Elas fazem parte do que a empresa batizou de Programa de Exploração da Rodovia (PER) e prevê a execução de 51 OAEs, incluindo pontes, viadutos e passagens elevadas, ao longo dos 30 anos de concessão, sendo uma parte reformada e outra de novas estruturas. Também estão previstas intervenções em 34 km de acessos aos portos, incluindo a ligação ao Porto Novo, 25 passarelas, 190 km de faixas adicionais, 18 km de vias marginais, 24 passagens de fauna, 18 travessias em nível, três pontos de parada e descanso e 14 bases de serviços operacionais.
Mais de 100 km da rodovia serão duplicados, com prazos de entrega escalonados entre o quarto e o sexto ano do contrato. Há previsão de terceiras faixas em trechos críticos de pista simples e readequação de sete travessias urbanas, em municípios como Cacoal, Pimenta Bueno, Presidente Médici e Ariquemes. A expectativa é de que, ao longo da concessão, a Nova 364 gere cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos, com picos de contratação durante as fases de ampliação de capacidade e grandes obras estruturantes.
Segundo Martins Junior, o principal desafio da modernização da BR-364 está na combinação de clima tropical úmido, com alta incidência de chuvas, e o tráfego contínuo de veículos de carga, especialmente no escoamento da produção agrícola. “Além disso, há deficiências históricas de drenagem e desgaste avançado do pavimento em diversos trechos. A Nova 364 se prepara para enfrentar essas adversidades com soluções específicas de engenharia rodoviária”, afirma o diretor-presidente.
O trecho da concessão da BR-364 passa por áreas com alta pluviosidade, solos de baixa resistência mecânica e pontos suscetíveis a alagamentos, especialmente na região entre Ji-Paraná e Porto Velho. De acordo com Martins Júnior, o contrato prevê intervenções geotécnicas com estabilização de solos, reforço de taludes, drenagens profundas e pavimentação com técnicas de reforço estrutural, “conforme diagnóstico técnico realizado durante os estudos de engenharia”.
NOVAS TECNOLOGIAS
A concessionária planeja adotar usinas móveis de pavimentação, aplicação de concreto modificado com polímeros, uso de misturas mornas (warm mix asphalt), fresagem com reciclagem de base e tecnologia BIM para modelagem de obras. As soluções são voltadas à agilidade executiva, maior durabilidade das intervenções e otimização de custos operacionais.
Além disso, haverá o uso de técnicas mais recentes, como pavimentação com polímeros. Segundo a concessionária, a pavimentação com ligantes poliméricos será utilizada em trechos com tráfego intenso de veículos pesados. Também serão adotadas técnicas de estabilização de solos com cal e cimento, bem como o uso de sensores embarcados e piezômetros para monitoramento de estruturas e condições da via, viabilizando manutenção preditiva.
Para acompanhar e garantir o desempenho do pavimento ao longo do tempo, a Nova 364 informa que a rodovia será monitorada por um sistema integrado de inspeções rotineiras, análises laboratoriais de materiais, mapeamento georreferenciado e controle por sensores. A manutenção preditiva se baseará em modelagens de desempenho que antecipam falhas, garantindo que a vida útil do pavimento atenda aos parâmetros contratuais e reduza os custos de conservação a longo prazo.
Já para lidar com a logística de obras em regiões remotas ou com difícil acesso a insumos e mão de obra especializada de uma rodovia tão extensa como a BR-364 – a distância entre Porto Velho e Vilhena é de cerca de 700 km –, a Nova 364 irá estruturar cinco Bases de Serviço Operacional (BSOs) ao longo do trecho, conforme previsto no PER. Essas unidades funcionarão como centros logísticos, operacionais e de apoio emergencial, localizados em pontos estratégicos para otimizar tempo de resposta. Equipamentos pesados, caminhões e insumos serão distribuídos a partir de contratos regionais e rotas logísticas traçadas com foco na fluidez e eficiência, conforme a Nova 364. A utilização de fornecedores locais também integra a estratégia de superação dos desafios de acesso e suprimento.
INVESTIMENTOS DE R$ 10,2 BILHÕES
O Consórcio 4UM/Opportunity foi o vencedor, em fevereiro, do leilão de concessão da BR-364 em Rondônia. Dos investimentos previstos, R$ 6,35 bilhões serão destinados a obras estruturantes e R$ 3,88 bilhões para manutenção e operação. O trecho tem 686,7 km e percorre Rondônia de ponta a ponta. Atravessa cerca de dez municípios, conectando o entroncamento com a BR-435, em Vilhena, município situado na divisa com o Mato Grosso, à BR-319, em Porto Velho, além de acessos estratégicos em Ji-Paraná.
Chamada de Rota Agro Norte, por sua relevância para o agronegócio, o trecho BR-364 concedido é um eixo logístico importante para o escoamento da produção agrícola do Mato Grosso. A rodovia conecta áreas produtoras de grãos, carne e insumos agrícolas a portos estratégicos do Norte, especialmente os que acessam a hidrovia do Rio Madeira. Além do impacto direto na logística e na segurança viária, a concessão deverá gerar, segundo cálculos do Ministério dos Transportes, mais de 92 mil empregos ao longo de três décadas, impulsionando a economia regional.
Segundo a concessionária, a modernização do trecho trará mais segurança, previsibilidade logística e redução de custos operacionais, o que deve ampliar a competitividade do agronegócio, atrair investimentos para Rondônia e consolidar o papel do Estado como corredor logístico do Brasil central. A Rota Agro Norte é o segundo contrato rodoviário da 4UM (J. Malucelli), que em agosto de 2024 venceu o leilão da BR-381 em Minas Gerais.