BYD ganhou o mercado de elétricos “de bandeja” das grandes montadoras

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O mercado brasileiro de carros elétricos vive um momento de virada estratégica – e, ao que tudo indica, a BYD vai colher quase sozinha o que as demais montadoras decidiram deixar de lado. Enquanto a maioria das marcas recua ou adota posturas defensivas, a empresa chinesa avança rumo à produção local e consolida o domínio em um setor que tende a crescer nos próximos anos.

Com avanço firme e linha diversificada, BYD transformou o mercado de EVs em território próprio

Será uma revolução? Não ainda. Mas será a base de conquista de futuros e jovens consumidores, que decididamente não pensam como a maioria dos consumidores atuais. Quer um exemplo? A Nissan tem pesquisas globais que comprovam essa virada no desejo de compra. E o Brasil, apesar da glorificação meio exagerada do etanol, não ficará fora do mundo.

O avanço das vendas de elétricos no Brasil – 53.149 unidades entre janeiro e setembro de 2025, alta de 16,3% segundo a Fenabrave – revela um mercado em expansão, mas altamente concentrado, pois houve um movimento coordenado e brutal contra a expansão acelerada dos BEVs.

Assim, a BYD transformou essa categoria em território próprio, respondendo por três em cada quatro carros elétricos vendidos no país. Ele vendeu 40.139 unidades e detém 75,5% de participação.

Hoje, apenas BYD e GM mantêm planos concretos de fabricar carros elétricos no Brasil, movimento que as coloca em posição de vanguarda num cenário em que a maioria das concorrentes aposta prefere carros híbridos leves – solução de transição a passo de tartaruga que ainda depende do motor a combustão e preserva o status quo da indústria tradicional.

Há também um deslumbramento exacerbado com os híbridos plug-in, embora a maioria dos usuários nem saiba usar o sistema corretamente. Das montadoras com carros mais acessíveis GWM, Caoa Chery e Omoda Jaecoo lideram esse caminho “meio termo”, evitando o risco (e o custo) de apostar integralmente na eletrificação total. É assim que o mercado futuro é dado “de bandeja” para a BYD.

No campo dos elétricos acessíveis, apenas a Renault oferece um modelo competitivo, o Kwid E-Tech, mas com presença limitada (1.159 unidades, 2,2%). Já as grandes montadoras, como Fiat e Volkswagen, que historicamente moldaram o mercado automotivo nacional, nem sequer tratam do tema elétrico com prioridade, optando por discursos genéricos sobre “mobilidade sustentável” enquanto atrasam investimentos concretos.

Desinteresse da Fiat e da Volkswagen, e reação tímida da GM, criam vácuo de mercado para a BYD

Mesmo a Chevrolet (809 unidades e 1,5% do mercado de elétricos) tem presença residual, enquanto marcas premium como BMW, Porsche e Audi operam em nichos. Para dar uma ideia, a vice-liderança é da Volvo (3.732 unidades e 7% de participação), também uma marca premium.

O resultado é um vácuo de mercado que a BYD preenche com rapidez: com fábrica em Camaçari (BA), portfólio amplo, domínio tecnológico e preços agressivos, a montadora chinesa se tornou o principal vetor da eletrificação no país – quase sem resistência, pois atua somente nos segmentos de eletrificados plugáveis (BEV e PHEV).

Em outras palavras, as decisões tímidas das montadoras rivais entregaram o futuro da mobilidade elétrica de bandeja para a BYD, que agora transforma o território brasileiro em sua nova base de expansão na América Latina. A Colômbia – que acaba de taxar os veículos brasileiros em 15% – pode ser o segundo mercado da BYD na região, além do Uruguai, outro que optou pelos carros elétricos.

O resultado é um ambiente em que a BYD dita o ritmo da eletrificação nacional, beneficiando-se tanto da própria agressividade comercial quanto da inércia estratégica das rivais. Não há concorrência direta da Fiat nem da Volkswagen. E a reação da GM ainda é títmida. Se nada mudar, o Brasil assistirá à consolidação de uma hegemonia chinesa duradoura no segmento mais inovador da indústria automotiva.

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