O multibilionário pipeline de projetos no downstream brasileiro

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O setor de downstream no Brasil está passando por um renascimento, impulsionando a demanda por serviços de engenharia. Os projetos são impulsionados principalmente pela Petrobras, mas também há iniciativas privadas no gasoduto multibilionário.

A gigante petrolífera federal prevê investimentos de capital de US$17 bilhões (bi) em refino, transporte e comercialização (RTC) entre 2025 e 2029. Em setembro, anunciou investimentos totalizando R$33bi (US$6,16bi) somente no estado do Rio de Janeiro, incluindo R$ 26 bilhões para projetos de integração entre o complexo energético de Boaventura e a refinaria de Duque de Caxias (Reduc).

A nova estrutura aumentará a produção de diesel S-10 em 76.000 barris por dia (b/d), sendo 56.000 b/d provenientes de melhorias de qualidade e 20.000 b/d de capacidade adicional. O projeto também prevê aumentos na capacidade de querosene de aviação (combustível de aviação) em 20.000 b/d e de lubrificantes do grupo II em 12.000 b/d.

Também está incluída uma planta dedicada a biocombustível para jatos em Boaventura, com capacidade de 19.000 b/d de combustíveis renováveis (óleo vegetal hidrotratado, HVO e combustível de aviação sustentável, SAF), e duas usinas termelétricas a gás de 400 MW em Boaventura, que participarão de leilões de capacidade de reserva .

Um projeto de rerrefino de lubrificantes está em estudo na Reduc, com capacidade de 30.000 metros cúbicos por mês (m³/mês), ou 6.300 barris/dia. Com a operação do complexo de Boaventura para produção de lubrificantes do grupo II, a Reduc poderá converter unidades existentes para rerrefino de óleos usados. O teste de coprocessamento já foi autorizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e está previsto para ocorrer ainda este ano.

No dia 6 de outubro, a Petrobras assinou contratos no valor de R$10bi com diversas empresas de engenharia para a integração de Boaventura e Reduc. Segundo fonte familiarizada com o assunto, as empresas contratadas foram Tenenge Engenharia, Empresa Construtora Brasil S.A., EGTC Infra S.A., Heftos Óleo e Gás Construções S.A., Construtora Colares Linhares S.A., Monto Industrial, Mendes Junior Trading e Engenharia S.A., UTC Óleo e Gás Engenharia S.A., Alfredo A. Possebon Filho & Cia, Universal Process Equipamentos Industriais, CPL Construtora e Engecampo Engenharia S.A.

Especificamente em relação à Reduc, uma das duas usinas termelétricas que fornecem energia para a refinaria será modernizada . Além disso, está em andamento uma licitação para a contratação de serviços de construção e montagem mecânica, civil, elétrica e de instrumentação/automação para a expansão e melhoria da refinaria.

Na semana passada, a Mota-Engil, por meio de sua subsidiária Empresa Construtora Brasil, assinou um contrato com a Petrobras no valor de 700 milhões (mi) de euros e teve um contrato separado de 35mi de euros renovado por mais cinco meses. O acordo, com duração prevista de 50 meses, abrangerá projeto, construção, montagem, comissionamento, operação assistida e integração na Reduc.

Em agosto, a Petrobras lançou uma licitação para a implantação de uma unidade de bioquerosene e diesel renovável em sua Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em São Paulo. No mesmo estado, está em andamento outra contratação para a modernização do soprador da unidade de craqueamento catalítico da Refinaria de Paulínia (Replan).

A maior refinaria do país, a Replan, deverá receber uma planta piloto de hidrogênio verde, por meio da qual a Petrobras pretende estudar a produção de hidrogênio via eletrólise integrada aos processos de refino de petróleo.

Em Pernambuco, a Petrobras avança na construção do segundo trem de refino da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), com investimento de cerca de R$ 8bi. A empresa lançou recentemente uma licitação para serviços de engenharia, suprimentos e construção (EPC) para três tanques de armazenamento de nafta e quatro tanques de diesel na RNEST.

De olho na transição energética, a Petrobras também planeja instalar usinas solares fotovoltaicas nas refinarias RNEST, Reduc, Replan e Gabriel Passos (Regap, em Minas Gerais).

Segmento petroquímico

No segmento petroquímico, a Petrobras está retomando projetos de fertilizantes com R$6bi destinados à retomada de fábricas no Paraná (Araucária Nitrogenados), Bahia e Sergipe, além da conclusão da UFN 3 em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.

Também está em estudo a oportunidade de produzir ácido acético e monoetilenoglicol (MEG) no complexo de Boaventura.

Os investimentos da Braskem – na qual a Petrobras detém participação – incluem a expansão de sua planta de polietileno, que aumentará sua capacidade em até 230.000 toneladas métricas por ano (t/a). O projeto, que utiliza parte do gás natural processado no sistema de transporte de gás Rota 3 de Boaventura, está orçado em cerca de R$4bi (dentro do orçamento de R$33bi) e ainda está sujeito à aprovação dos órgãos de governança da Braskem.

De acordo com André Cordeiro, presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o restabelecimento do regime tributário especial REIQ no final de 2023 estimulou cerca de R$1bi em novos investimentos na indústria química brasileira até agora em 2025.

Além das iniciativas da Petrobras, outros destaques incluem:

– R$614mi em sete projetos da Braskem envolvendo polietileno, PVC e outros produtos químicos

– R$73,3mi pela Innova para aumentar produção de poliestireno em 30%

– R$57mi da Unipar para ampliar a produção de PVC

– R$15mi pelo grupo OCQ para criar novas linhas de produtos e aumentar a capacidade

Projetos privados de refino

A pedido da BNamericas, a associação privada de refinarias RefinaBrasil listou as seguintes iniciativas:

– SSOIL Plano de investimento de R$200mi para uma planta de SAF e diesel verde

– REAM (Refinaria do Amazonas, de propriedade da Atem): R$400mi para recondicionamento de refinaria

– Acelen (dona da refinaria de Mataripe, Bahia): Investimento de R$340mi para 2025

Isso totaliza R$900mi, dos quais R$200mi são para novos projetos e R$ 700 milhões para infraestrutura existente.

Enquanto isso, o Grupo Oil estuda implantar uma refinaria em Bacabeira, no Maranhão.

Outro destaque é o projeto da Lwart Soluções Ambientais SA em Lençóis Paulista, São Paulo, para refino de óleo lubrificante usado ou contaminado. No início de setembro, o banco de desenvolvimento BNDES aprovou R$400mi em financiamento para a instalação.

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