Produção de Petroreconcavo e Prio cai e deve afetar balanços

Duas das três principais petroleiras independentes do mercado brasileiro – Prio e Petroreconcavo – reduziram a produção de óleo e gás em setembro na comparação com agosto. No caso da Prio, o volume caiu 22,4%, enquanto na Petroreconcavo a queda foi de 1,8%. Entre as razões para o recuo estão a interdição de uma plataforma, no caso da Prio, e a menor extração em um dos campos da Petroreconcavo. Como essas empresas, também conhecidas como “junior oils”, têm poucas áreas em relação às grandes do setor, as intercorrências causam impactos negativos maiores na operação.

Especialistas ouvidos pelo Valor dizem que as quedas na produção de Prio e Petroreconcavo não podem ser vistas como tendência, mas como eventos pontuais. O cenário para as petroleiras independentes, afirmam analistas, é de crescimento. Essas companhias contribuem para o setor de óleo e gás brasileiro sobretudo porque aproveitam campos que não interessam mais às grandes companhias, como Petrobras. Os dados sinalizam reflexos nos resultados financeiros das empresas, que serão divulgados nos próximos dias.

A Prio atribuiu a queda de produção a uma falha no compressor da plataforma do campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos (RJ). A previsão é normalizar a operação este mês. A empresa também atribuiu o desempenho à interdição, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), da plataforma do campo de Peregrino, após auditoria, em agosto. A XP estima uma perda semanal de US$ 30 milhões para a Prio com a paralisação de Peregrino. Por outro lado, outros dois campos da Prio, Polvo e Tubarão Martelo, apresentaram dados que “superaram expectativas”, segundo o J.P. Morgan.

Em julho, a Prio já havia registrado redução de 8,5%, para 100 mil barris de óleo equivalente por dia (Boe/dia), em relação a junho. A queda se repetiu em agosto, recuando 8,2% sobre o mês anterior. Em setembro, a empresa registrou retração de 22,4%, para 71,3 mil boe/dia frente a agosto.

No caso da Petroreconcavo, a produção em setembro caiu 1,8% sobre agosto, para 26 mil boe/dia em função da menor extração no campo de Tiê (BA). Em agosto, a empresa havia verificado redução de 1,6% ante julho, para 26,4 mil boe/dia, devido a volumes menores na bacia Potiguar (RN), que reúne os campos terrestres na região.

Em relatório, a XP destaca o fato de que a produção da Petroreconcavo caiu 1,9 mil barris por dia desde abril, o que significa queda por cinco meses consecutivos. O desempenho, diz a corretora, indica que os ativos da empresa atingiram o pico de produção.

Se forem analisados os dados consolidados de julho a setembro, a Prio teve queda na produção de 25,5% em relação a igual período do ano passado. No caso da Petroreconcavo, houve alta de 0,19% nos volumes produzidos no terceiro trimestre.

Para Gabriel Barra, analista do Citi, as quedas de produção de Petroreconcavo e Prio se devem a razões pontuais, que não formam uma tendência. No caso da Prio, o analista espera a retomada do campo de Peregrino em breve, após a interdição pela ANP. Diferentemente de petroleiras maiores, que têm mais ativos em produção, as independentes costumam apresentar dados mais variáveis. “A principal explicação para isso é a diferença de produção entre as companhias. Como as ‘juniors’ têm uma produção menor que a Petrobras, a parada de um poço costuma ser muito mais relevante para o valor total do que a parada de um poço para Petrobras”, afirmou o analista do Citi.

“Cenário é de crescimento de produção para as ‘junior oils’ nos próximos anos”

— Gabriel Barra

Há ainda o caso da Brava Energia, outra petroleira independente brasileira, mas que vai na contramão dos pares. Em julho, a produção da companhia subiu 4,3% ante junho, para 90,9 mil boe/dia. Segundo a empresa, a produção em julho foi recorde, refletindo a evolução dos campos de Papa-Terra, na Bacia de Campos, e Atlanta, na bacia de Santos.

Em agosto, a Brava teve nova alta de produção na comparação mensal, de 1,57%, para 92,3 mil boe/dia, outro recorde, puxado pelo maior nível de extração do campo de Atlanta. Em setembro, porém, a empresa teve queda de 0,9% frente a agosto, com “ajustes operacionais e de comissionamento de equipamentos” na plataforma Atlanta. A Brava prevê a conclusão dos ajustes em outubro. Para o Santander, a Brava deve alcançar o pico de produção no segundo semestre. “Acreditamos que Atlanta e Papa-Terra ainda sejam os motores de crescimento de curto prazo da Brava, com a produção da empresa atingindo pico de 90 mil a 95 mil boe/dia no segundo semestre de 2025, versus 78 mil boe/dia no primeiro semestre de 2025, de acordo com nossas estimativas”, disse o Santander em relatório.

Décio Oddone, presidente da Brava, afirma que a “evolução da produção da Brava reflete a entrada de poços em Atlanta e a estabilização das operações em Papa-Terra, que vêm ocorrendo ao longo do ano.” No terceiro trimestre, a produção da Brava cresceu 68% sobre igual período do ano passado.

Para Gabriel Barra, do Citi, as “junior oils” contribuem para o desenvolvimento de campos maduros. Na visão do analista, o cenário atual é de trajetória ascendente dessas companhias. “Vislumbramos um cenário de crescimento de produção para as ‘junior oils’ da bolsa brasileira para os próximos anos, devido principalmente ao plano de crescimento de produção orgânica das companhias com perfuração de novos poços”, disse.

“No caso da Prio, há expectativa de um aumento mais acelerado, pois esperamos o início de produção do campo de Wahoo e a conclusão da aquisição da participação de 60% do campo de Peregrino, que deve levar a companhia a atingir 200 mil barris por dia ao longo do ano que vem. Petroreconcavo e Brava estão focadas em crescer a produção de forma orgânica para os próximos anos, mas de forma menos acentuada do que a Prio”, completou o analista.

Procurada, a Prio não quis comentar. Petroreconcavo não retornou até o fechamento desta edição. A Prio divulga o balanço do terceiro trimestre em 4 de novembro. A Brava apresenta no dia 5 de novembro e a Petroreconcavo, em 6 de novembro.

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