O Governo de São Paulo avança em um dos projetos mais ambiciosos de mobilidade do estado: uma nova linha ferroviária que ligará Santos, na Baixada Santista, a Cajati, no Vale do Ribeira, passando por 11 municípios paulistas. O trajeto, de 223,6 quilômetros, deve ser concluído em cerca de três horas, conectando regiões turísticas e econômicas importantes do estado.
Batizado de trem Santos–Cajati, o projeto está sob responsabilidade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e integra o pacote estadual de trens intercidades (TIC), que prevê 11 ligações ferroviárias em São Paulo.
A nova ferrovia promete atender tanto ao transporte de passageiros quanto ao escoamento de cargas, conectando polos de turismo, indústria e agronegócio. A rota cruzará cidades como Santos, Itanhaém, Peruíbe, Miracatu, Registro e Cajati, oferecendo uma alternativa de mobilidade mais rápida e sustentável em comparação ao transporte rodoviário.
De acordo com a CPTM, o projeto tem potencial para reduzir o tempo de deslocamento, diminuir o fluxo de veículos nas estradas e aumentar a segurança viária. Além disso, o transporte sobre trilhos tende a ser mais econômico e ecológico, ajudando a reduzir as emissões de carbono e os custos logísticos.
“A proposta busca integrar o litoral e o Vale do Ribeira, fomentando o turismo, a logística e novas oportunidades de negócios para as regiões envolvidas”, informou a área de Desenvolvimento e Expansão de Transporte da CPTM.
Rede de trens intermunicipais terá 11 projetos em São Paulo
O trem Santos–Cajati é um dos 11 projetos de trens intercidades que o governo paulista pretende implantar. Desse total, quatro partem da capital — São Paulo–Campinas, São Paulo–Sorocaba, São Paulo–São José dos Campos e São Paulo–Santos — e sete conectam outras regiões do estado.
Veja os projetos previstos:
São Paulo–Campinas (Eixo Norte)
São Paulo–Sorocaba (Eixo Oeste)
São Paulo–Santos (Eixo Sul)
São Paulo–São José dos Campos (Eixo Leste)
Marília–Sorocaba
Sorocaba–Campinas
Campinas–Ribeirão Preto
Ribeirão Preto–Franca
Santos–Cajati
Campinas–Araraquara
São José dos Campos–Taubaté
O eixo São Paulo–Campinas é o mais avançado: o Consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, formado pela chinesa CRRC e pela brasileira Comporte, venceu o leilão em fevereiro e já assinou contrato com o Estado.
Projetos ainda em estudo e próximos passos
Os eixos São Paulo–Sorocaba, São Paulo–Santos e São Paulo–São José dos Campos estão em fase de estudo técnico, segunda etapa do processo de implantação, que inclui análises de base e audiências públicas.
O projeto São Paulo–Sorocaba, por exemplo, já passou por consulta pública e deve ter edital publicado até o fim de 2025. Após essa etapa, haverá licitação e assinatura do contrato de concessão.
Outros sete projetos, como Marília–Sorocaba e Campinas–Ribeirão Preto, ainda estão na fase de qualificação no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que autoriza a participação do setor privado.
Malha ferroviária existente será reaproveitada
Segundo o governo estadual, boa parte dos novos projetos utilizará trechos ferroviários já existentes, hoje ociosos ou subutilizados. A estratégia deve reduzir custos e acelerar as obras, além de otimizar o uso da infraestrutura já instalada no estado.
A Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) afirmou que o plano de trens intercidades visa reconectar regiões com grande fluxo de deslocamento diário e estimular o desenvolvimento econômico regional.
Mobilidade e turismo integrados
Além de facilitar o acesso às praias, o trem Santos–Cajati deve impulsionar o turismo e o comércio local, principalmente em municípios do Vale do Ribeira, que há décadas buscam maior integração com o restante do estado.
A previsão é que o trajeto funcione como uma ponte entre o litoral e o interior, aproximando áreas de vocação turística, industrial e agrícola.
Se implantado conforme o cronograma, o projeto representará um avanço histórico no transporte ferroviário paulista, oferecendo uma alternativa moderna, rápida e sustentável para quem se desloca entre o litoral e o interior.