Governo quer rede de trens no Nordeste

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O governo federal está estudando a criação de uma rede de trens de passageiros entre capitais do Nordeste para fomentar o turismo na região. Segundo o presidente da estatal Infra S.A., Jorge Bastos, o início da integração ferroviária regional deve começar pela construção de uma linha de cerca de 110 km de extensão entre Recife e João Pessoa.

“A Infra tem estudado trechos com potencial de viabilidade de transporte de passageiros. O primeiro trecho que o Ministério [dos Transportes] deu para a gente estudar é uma ligação entre as capitais que têm a menor distância entre elas. Mais tarde, tendo viabilidade, a linha pode ir até Maceió, Natal e assim vai”, disse Bastos, no evento “Logística no Brasil”, série de debates promovido pelo Valor, em parceria com a Infra S.A. e o Ministério dos Transportes. Nesta edição, realizada em Fortaleza, o foco é a região Nordeste e contou com a mediação de Marina Falcão, correspondente do Valor no Recife.

Os estudos mencionados por Bastos integram o trabalho de elaboração do Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050), coordenado pelo Ministério dos Transportes e executado com ajuda da Infra. O plano começou a ser debatido em 2024, por determinação de um decreto presidencial. Uma primeira versão do PNL deve estar concluída ainda em 2025.

“É preciso acelerar o crescimento do NE. Infraestrutura é fundamental nisso”

— Flavio Ataliba

Segundo Bastos, o PNL definirá projetos de longo prazo para a melhoria do transporte de cargas e passageiros do país. Será, portanto, uma ferramenta importante para ampliar o potencial de crescimento econômico. “Para crescer, é preciso planejamento de longo prazo”, disse. “O Nordeste é um território de grandes potencialidades. Mas, para que esse potencial se converta em desenvolvimento, é preciso investir na infraestrutura.”

Flavio Ataliba, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembrou no evento que o Nordeste concentra 27% da população do país, mas produz o equivalente a 14% do Produto Interno Bruto (PIB). Ressaltou também que a região, nos últimos dez anos, cresceu mais que a média nacional. Ainda assim, no atual ritmo de crescimento, demoraria 180 anos para conseguir elevar sua participação no PIB ao mesmo patamar de sua participação populacional. “É preciso acelerar o crescimento do Nordeste. Infraestrutura é fundamental nisso”, afirmou Ataliba.

George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes, disse que o governo federal aposta na ampliação da rede ferroviária nordestina para dinamizar a economia da região. Segundo ele, pelo menos R$ 60 bilhões em investimentos estão previstos em ferrovias que beneficiarão o setor produtivo do Nordeste. Ele citou como exemplo a criação de um corredor logístico interligando o Centro-Oeste ao Porto do Sul, em Ilhéus (BA), por meio da conexão da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) com a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).

O secretário afirmou que o projeto será um dos maiores da área de transporte do país. Ele deve começar a ser licitado no primeiro semestre de 2026. “O projeto do corredor Leste-Oeste está passando por alguns ajustes. Até dezembro, ele estará na ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] para, no início do ano, ser enviado ao TCU [Tribunal de Contas da União]. Provavelmente, o edital será publicado no primeiro semestre do ano que vem”, detalhou.

Para Santoro, a criação do corredor beneficiará, sobretudo a mineração e a agricultura nacional, mas também vai criar condições para que cargas industriais sejam transportadas de forma mais eficiente – o que tende a incentivar o investimento industrial no Nordeste.

Outro projeto visto como estratégico é a ferrovia Transnordestina. Tufi Daher Filho, diretor-presidente da Transnordestina Logística, que constrói a linha férrea e que vai operá-la, disse que ela iniciará seu funcionamento em 2027. Em outubro deste ano, ela passará por seus primeiros testes. Serão feitos transportes de cargas, como soja, milho, farelo de soja e calcário, entre Bela Vista do Piauí (PI) e Iguatu (CE).

Fabiano Chaves, subsecretário de Planejamento de Longo Prazo do Ministério do Planejamento e Orçamento, disse que o investimento em transporte pode consolidar o Nordeste como grande produtor e exportador de energia limpa do mundo, por meio do hidrogênio verde. Cloves Benevides, subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, afirmou que o planejamento da logística também reduzirá as emissões de carbono com uso mais racional dos diversos modais.

Já José Arlan Silva Rodrigues, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste (Fetranslog-NE), ressaltou que as rodovias não podem ter sua importância subestimada no planejamento da logística nordestina. Ele lembrou que a Pesquisa de Rodovias da CNT (Confederação Nacional do Transporte) indicou que 1.017 dos 2.446 pontos críticos identificados em estradas do país ficam no Nordeste.

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