Hural Dynamics aposta no aluguel de máquinas: “Produtor quer resultado, não posse”, diz CEO

A automação agrícola no Brasil está entrando em uma nova fase e, desta vez, o movimento não é liderado por máquinas milionárias nas mãos de gigantes do agronegócio, mas por um modelo que promete tornar a tecnologia acessível a produtores de todos os portes.

Um dos principais nomes à frente dessa mudança é a Hural Dynamics, empresa de base tecnológica voltada à robótica agrícola, que aposta no conceito Farming as a Service, ou seja, um modelo de negócios que oferece tecnologia e serviços agrícolas sob demanda, por meio de assinatura ou pagamento por uso, que transforma o uso de robôs em um serviço personalizado. Um mercado global, com potencial de quadruplicar na próxima década.

Em vez de adquirir um equipamento, o produtor paga apenas pelo uso — por safra, hectare ou período determinado — e conta com manutenção, suporte técnico e treinamento inclusos.

O objetivo é simples e ambicioso: democratizar o acesso à automação, eliminando a barreira financeira que ainda separa pequenos e médios produtores das tecnologias mais avançadas do campo.

O modelo também se conecta à agenda da sustentabilidade.

Os robôs da Hural Dynamics são 100% elétricos e podem reduzir em até 80% o uso de defensivos agrícolas, graças à pulverização seletiva e ao monitoramento de precisão.

Além de cortar custos com diesel, as operações diminuem emissões, consumo de água e compactação do solo — ganhos diretos para a eficiência e o meio ambiente. A redução nos custos energéticos chega a ser superior a 90%.

Em entrevista exclusiva ao Agrofy News, Michell Jabur, CEO da Hural Dynamics, sobre os resultados do primeiro ano do modelo de Farming, as oportunidades do mercado brasileiro e o futuro da mecanização autônoma.“Produtor quer resultado, não posse”, diz

Confira os principais trechos da entrevista:

Agrofy: O ano de 2025 marcou o início comercial do modelo Farming as a Service da Hural Dynamics. Que balanço o senhor faz dessa estreia?

Michell Jabur: Muito positivo. O interesse foi instantâneo — estamos em contato com produtores de diferentes regiões e setores do agro. O produtor brasileiro está cada vez mais estratégico: ele busca resultado, não necessariamente a posse do equipamento. Isso valida completamente nossa aposta neste modelo.

Qual é o potencial do mercado brasileiro para tecnologias autônomas e inteligentes no campo?

Gigantesco. Em um país onde a mão de obra é cada vez mais cara e escassa, automação deixou de ser luxo e virou necessidade. O agricultor busca soluções que otimizem tempo, reduzam custos e aumentem produtividade — e a automação entrega tudo isso.

O capital que seria utilizado na aquisição de equipamentos permanece disponível para investimentos em outras áreas, seja expansão de área plantada, infraestrutura, irrigação ou qualquer outra prioridade que gere retorno mais imediato para o negócio.

Como funciona, na prática, o aluguel dos robôs pulverizadores? É possível contratar por safra, hectare ou período?

Os clientes podem optar por aluguel por safra completa, por hectare tratado ou por períodos determinados, conforme as necessidades específicas de cada operação. O serviço inclui suporte técnico integral, manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos, além de treinamento especializado para as equipes das propriedades. Há também a possibilidade de contratação com ou sem operador, permitindo que cada cliente estruture o serviço da forma mais adequada à sua realidade operacional

Que desafios ainda precisam ser superados para ampliar a adoção de robôs agrícolas?

Hoje, o maior desafio é cultural, não técnico. A tecnologia já está madura, mas ainda existe desconfiança. O produtor precisa ver para crer — por isso o FaaS (Farming as a Service) é tão importante. Ele permite testar, validar e ganhar confiança. Quando o produtor vê o robô operando no seu talhão, a resistência desaparece.

Desenvolver hardware e software próprios é uma vantagem competitiva?

Sem dúvida. Isso nos dá velocidade e capacidade de personalização. Se um cliente traz uma demanda específica, não dependemos de terceiros para implementar. Conseguimos traduzir necessidades reais do campo em funcionalidades práticas, entregando soluções sob medida. Essa agilidade é um diferencial que o mercado valoriza muito.

Como o modelo FaaS contribui para uma agricultura de baixo carbono?

Automação sustentável só se consolida se for também economicamente viável. Os robôs elétricos eliminam o uso de diesel e reduzem a pegada de carbono. Ao mesmo tempo, tecnologias de pulverização seletiva reduzem em até 80% o uso de defensivos e de água. É eficiência operacional aliada à sustentabilidade.

Há planos de parcerias para ampliar o alcance da solução?

Sim, temos dialogado com cooperativas, distribuidores e fabricantes de insumos. Essas parcerias ainda estão em evolução, mas o modelo FaaS já cria uma ponte natural entre tecnologia e canais tradicionais de distribuição.

Por ora, nossa estratégia é de iniciar operações no Sul e Sudeste, em razão de critérios técnicos e logísticos. A expansão para Centro-Oeste e Nordeste está no planejamento estratégico da empresa.

Aliás, quais são as metas da Hural para 2026?

Nosso foco é crescimento estruturado. Em 2026, lançaremos uma nova estação de abastecimento, que vai completar o ciclo operacional dos equipamentos e aumentar a autonomia do sistema. Também planejamos expandir para o Centro-Oeste e o Nordeste, com atenção especial à soja, milho e algodão.

O objetivo é posicionar a Hural não como fornecedor transacional, mas como parceiro estratégico de longo prazo para o produtor brasileiro.

Como convencer o produtor de que a inteligência artificial é uma aliada?

Com resultados. A IA precisa gerar economia — de tempo, dinheiro ou esforço. Quando o produtor vê que a tecnologia reduz custos e simplifica a operação, o discurso se torna desnecessário. É uma questão de mostrar valor, não de convencer.

Quais tecnologias devem marcar a próxima geração de máquinas agrícolas?

Além de visão computacional, aprendizado de máquina e 5G, eu destacaria a conectividade via satélite. Ela está mais acessível e confiável, especialmente para áreas remotas. Isso permite processar dados na nuvem, reduzindo o custo do equipamento sem perder desempenho. É uma virada de chave para a escalabilidade da automação agrícola.

O futuro da mecanização caminha para o uso compartilhado de tecnologia?

Completamente. O produtor quer resultado, não posse. Se ele pode ser mais eficiente sem imobilizar capital, a escolha é óbvia. O modelo de aluguel e uso sob demanda não é apenas uma tendência — é o futuro da mecanização agrícola.

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