O Brasil quer aproveitar a presidência da Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP, para dar escala a soluções de redução da emissão de metano na atmosfera. A afirmação é da diretora-executiva da COP30, Ana Toni, a menos de um mês para o encontro em Belém (PA).
Toni participou, por vídeo, do último painel do evento Freio De Emergência Climática, realizado nesta quinta-feira (16) pelo Global Methane Hub e Uma Gota no Oceano, com apoio da Editora Globo, Observatório do Clima e IDG.
Na apresentação, ela destacou que o tema é pouco discutido no Brasil e no mundo, mas que Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) tem diversas ações para combater o metano.
“A gente quer dar muita visibilidade ao metano para que a gente chegue na COP30 com ações muito concretas dos países e das empresas, para a gente poder ter um impacto de uma maneira forte e pensando na agenda de implementação”, declarou.
A ex-secretária nacional de Mudança do Clima do MMA explicou que o metano responde por quase metade das emissões de gases de efeito estufa. O gás, disse, é 86 vezes mais potente e mais poluidor que o dióxido de carbono, mas permanece por menos tempo na atmosfera.
“Assegurar que a gente emita menos metano é importante não só porque ele é mais potente em termos de ser poluidor, mas ele também fica menos tempo na atmosfera, então a gente ganha um pouco mais de tempo para ir diminuindo os outros gases, que ficam muito mais tempo na atmosfera”, continuou.
Segundo a diretora-executiva da COP, organizações da sociedade civil e o setor privado envolvido nas principais atividades responsáveis pela emissão de metano (combustíveis fósseis, agropecuária e de resíduos) já desenvolveram uma série de soluções individuais para cortar as emissões que, no entanto, não atraíram visibilidade suficiente.
“Colocar o olhar, o foco e a prioridade no tema do metano seria um dos grandes ganhos da COP 30. A gente sabe que já tem muitas soluções para resolver o problema de metano em cada um desses três setores, mas elas não têm ganhado tanta visibilidade como merecem. Também [precisamos] pensar como a gente pode escalar essas soluções”, declarou.
De acordo com a ambientalista, o tratado do metano também dialoga com os três objetivos da COP 30, que são o fortalecimento do multilateralismo, a agenda de implementação e a aproximação dos debates institucionais ao cotidiano dos cidadãos.
No mesmo painel, a diretora de Programa da Direção Executiva da Presidência da COP30, Alice Amorim, destacou que agenda do metano avançou desde a COP de Glasgow, em 2021, quando uma série de países, entre eles o Brasil, acordou um compromisso de redução do gás.
Ela concordou, porém, que é necessário dar escala ao processo: “O mote da COP é o da implementação. No caso do metano, ela já está acontecendo, mas há desafio de escala e de velocidade.”
A diretora ressaltou que o Brasil tem muitas oportunidades na área ambiental e que a agenda de redução do metano pode contribuir para o desenvolvimento tecnológico e o aumento de competitividade. Ela frisou, porém, que o processo precisa ir além da cúpula de Belém.
“A COP é um processo, não é um efeito. Tudo que acontece no dia seguinte também importa muito. E a gente vê a a importância de trazer o tema do metano não só nessas três semanas que faltam e durante a COP, e sim tudo que pode ser feito a partir do ano que vem, quando as pessoas entendem melhor quais são os recursos que elas podem acessar e os mecanismos que estão disponíveis”, enfatizou.