Copel e UFPR inauguram primeira planta-piloto do Brasil para produção de hidrogênio renovável sem uso de água

O Paraná acaba de dar um passo decisivo rumo à transição energética sustentável. Foi inaugurada nesta sexta-feira (17/10), no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, a primeira planta-piloto do Brasil dedicada à produção de hidrogênio renovável de alta pureza sem o uso de água. O projeto, apoiado pela Copel e resultado de uma chamada pública de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) lançada em 2023, utiliza biogás obtido a partir de resíduos orgânicos do restaurante universitário.

Com investimento de R$ 7,6 milhões, a iniciativa promete abrir novas fronteiras tecnológicas ao demonstrar que é possível produzir hidrogênio limpo sem recorrer à eletrólise da água, reduzindo o consumo hídrico e as emissões de carbono. O diferencial está no aproveitamento de resíduos para gerar energia e na aplicação múltipla do gás produzido, que servirá para abastecer bicicletas elétricas, gerar eletricidade para o restaurante e produzir amônia renovável.

Copel aposta em novos negócios e na descarbonização

Durante a cerimônia de inauguração, o diretor de Operação e Manutenção da Copel Geração e Transmissão, Marcos Paulo Rezende, ressaltou o caráter inovador e simbólico do projeto.

“Os resíduos orgânicos viram energia limpa, mobilidade e o excedente é utilizado como adubo. O que nasce aqui é uma plataforma de novos negócios. Hidrogênio, amônia ‘renovável’, mobilidade e soluções para clientes, prontos para escalar e replicar em universidades, unidades de saneamento, no agronegócio e nas cidades”, afirmou Rezende.

O executivo destacou que a iniciativa consolida o Paraná na vanguarda da transição energética, ao aproximar a universidade da indústria e abrir portas para novas cadeias de valor ligadas à descarbonização e à inovação tecnológica.

“Este projeto aproxima a universidade da indústria, abre portas para a competitividade e a descarbonização e coloca o Paraná na vanguarda da transição energética”, completou.

ABH2: projeto pode inspirar nova rota de produção limpa no país

Entre as autoridades presentes, o presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Valadão de Miranda, destacou o potencial transformador da tecnologia e o impacto positivo sobre o meio ambiente e a gestão de resíduos.

“É uma vantagem muito grande do ponto de vista ambiental e, também, do uso de resíduos. Isso irá contribuir para o Paraná, para o Brasil e servirá de exemplo como uma nova rota de produção de hidrogênio que poderá, em breve, ganhar larga escala com um apelo ambiental muito forte”, afirmou Miranda.

A ABH2, fundada em 2017, tem sido um dos principais articuladores da agenda de hidrogênio verde no Brasil, unindo empresas, instituições e pesquisadores para acelerar a adoção de tecnologias limpas.

Da universidade ao mercado: tecnologia inédita sai do laboratório

O pesquisador e fundador do Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater) da UFPR, Helton José Alves, destacou o papel decisivo da Copel no desenvolvimento da tecnologia.

“Aumentamos a maturidade da tecnologia e a colocamos em uma fase de demonstração para que todos possam conhecer. Estamos conseguindo mostrar que o processo é viável, tanto em termos ambientais quanto econômicos”, explicou Alves.

O cientista ressaltou que o desafio agora é escalonar a tecnologia para aplicações industriais, o que pode colocar o Brasil na liderança global da produção de hidrogênio sem uso de água.

“É uma tecnologia totalmente nova aqui no Brasil e eu me arrisco a falar que esta planta-piloto é uma das primeiras no mundo que produz o hidrogênio sem água no processo. E, além disso, temos uma emissão de gás carbônico muito baixa, podendo até tornar essas emissões negativas se houver captura de carbono no final do processo”, destacou o pesquisador.

Alves acrescentou ainda que o projeto traz benefícios múltiplos: “O Estado do Paraná ganha, Curitiba ganha, a universidade ganha e ganha muito também a Copel que pode, a partir desse projeto, ampliar a escala e, quem sabe, ser pioneira no mundo na produção de hidrogênio renovável”.

Inteligência artificial aumenta eficiência da produção

A inovação tecnológica do projeto também está na integração com inteligência artificial (IA). Segundo o engenheiro Fabio Sevscuec, gerente de P&D da Copel Geração e Transmissão, o sistema utiliza sensores distribuídos por toda a planta para monitorar e otimizar o processo produtivo.

“Há sensores em toda a planta. Eles geram dados para um sistema especialista que irá tomar decisões de forma automática para contornar os problemas na produção do hidrogênio. Em plantas maiores, tendo uma base consolidada ‘treinada’, facilita o controle do processo, aumentando a eficiência da produção”, explicou Sevscuec.

Essa automação cria uma base para futuras plantas industriais, que poderão operar com maior segurança, agilidade e eficiência energética, reduzindo custos e riscos operacionais.

Seleção criteriosa e cooperação nacional

O projeto integra o Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e nasceu de uma chamada pública aberta pela Copel em 2023. O edital recebeu 71 propostas de 53 instituições e empresas de 17 estados, avaliadas conforme critérios de originalidade, relevância técnica, custo-benefício e potencial de aplicação prática.

Além da UFPR, participaram também a Associação de Pesquisadores da Região Norte (Apreno), de Rondônia, e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de Pernambuco, reforçando o caráter colaborativo e multidisciplinar da iniciativa.

Hidrogênio renovável: o combustível do futuro

O hidrogênio renovável, especialmente aquele produzido a partir de fontes limpas e sem uso de água, é apontado como um dos pilares da transição energética mundial. Além de substituir combustíveis fósseis como gás, diesel e carvão, ele pode ser aplicado em mobilidade, fertilizantes e geração elétrica descentralizada.

Com a nova planta-piloto, o Paraná se consolida como polo de inovação energética e a Copel reafirma seu compromisso com a sustentabilidade, abrindo caminho para a produção em escala industrial e o fortalecimento da economia verde no Brasil.

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