‘Dar feedback sobre o que não está funcionando mostra coragem do gestor’, diz CEO

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Com 25 anos de carreira na Ford, Martin Galdeano construiu uma relação de admiração pela companhia desde criança – o pai, Eduardo, começou a trabalhar na montadora no mesmo ano em que ele nasceu e se dedicou à companhia por mais de três décadas. Na empresa, Martin entrou como estagiário e alcançou posições como CFO (diretor financeiro) e CEO na Argentina, seu país natal, antes de assumir a liderança da operação sul-americana. A receita para uma trajetória longeva numa mesma organização não tem mistério, diz ele.

“O segredo é continuar insistindo quando as coisas saem de um jeito inesperado e não se frustrar quando algo não funciona”, ensina o convidado desta semana do podcast “CBN Professional”, uma parceria do Valor com a rádio CBN, que já está disponível no site da CBN, no YouTube do Valor e em todos os tocadores de podcast, como Spotify e Apple Podcasts.

Na entrevista à Stela Campos, editora de carreira do Valor, e Thiago Barbosa, gerente de produtos digitais da CBN, Galdeano conta sobre o reposicionamento da Ford no Brasil. Em 2021, a multinacional americana decidiu encerrar a produção de veículos no país, fechando plantas industriais em três estados (BA, SP e CE), como parte de uma estratégia global de se concentrar em tecnologia e inovação no país. “A Ford não saiu do Brasil”, destaca. “Empregamos 2,5 mil pessoas. Temos muito mais empregados do que empresas que têm fábricas.”

Ele explica que no ano da reestruturação, o país tinha um centro de desenvolvimento com 800 engenheiros na região. “O trabalho deles era entregar programas de produtos automotores”, lembra. O que nós mudamos é a ‘pegada’ de ter talentos que conseguem fazer que um projeto saia do papel e vire realidade, uma condição corporativa buscada em nível internacional, argumenta. “Hoje, os produtos que eram para a região são globais”, aponta. “Esse foco gerou um crescimento nesse momento de reestruturação. Temos mais de 1,5 mil engenheiros fazendo engenharia para o mundo.”

Galdeano, que já trabalhou para a Ford nos Estados Unidos e na Inglaterra, conta que é a terceira vez que cumpre expediente no Brasil, depois de experiências entre 2005 e 2007 e no período 2008 e 2009. “Cheguei ao país pela primeira vez aos 27 anos, e foi fascinante ver a receptividade”, diz. “A cultura brasileira abre as portas para quem vem de fora. A Argentina tem algo assim, mas como aqui não vi nada igual.”

Na opinião dele, o “calor” local se reflete na forma de entregar resultados. “As equipes estão mais acostumadas a trabalhar como um time, a se inter-relacionar”, avalia. O que também requer feedbacks de “ida e volta” [entre líderes e liderados], diz.

“Para nós, sul-americanos, é mais difícil deixar as emoções de lado [no ambiente de trabalho]. Mas quando um líder toma o seu tempo para articular um feedback sobre algo que não está funcionando, isso mostra a coragem desse gestor, que também se importa com quem ouve do ‘outro lado’”, compara. “Ele está pensando em como fazer para que o colega ‘dê’ o seu melhor.”

Para o executivo, que assumiu a cadeira de CEO pela primeira vez em 2020, administrar equipes globais, apesar da distância física, requer uma abordagem “olho no olho”. “Nos próximos três anos, teremos reuniões de manufatura no Brasil e em diversos países”, afirma. Com times espalhados, o uso da tecnologia é essencial para conectá-los, mas eu gosto do contato com as pessoas, de escutá-las, admite.

“Então eu sigo viajando. Vou para a Bahia, Buenos Aires e Chile. Daqui a duas semanas estarei na Colômbia. Essa proximidade pessoal é relevante porque define a cultura do local [onde estamos]”, defende. “Usamos a tecnologia para interagir, mas existe uma parte importante que a relação [ao vivo] tem que não há como substituir.”

No episódio completo, entre outros temas, ele dá dicas para quem vai assumir um posto de comando. A principal é não se descuidar da inteligência emocional. “Trata-se da capacidade de construir empatia, de entender o que está acontecendo no entorno e como se comportar em momentos de estresse.”

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