
Uma joint venture firmada entre um fundo estrangeiro de investimentos especializado em mineração (a Appian Capital Advisory Limited) e a International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial, vai oferecer US$ 1 bilhão em orçamento para o desenvolvimento de projetos de minerais críticos em mercados emergentes.
O primeiro dessa série de investimentos, anunciada nesta terça-feira (21), será destinado à exploração de níquel em uma mina no interior da Bahia, um metal crítico (essencial para a economia e para setores estratégicos como tecnologia, defesa e energia, mas sujeito à escassez de suas reservas) e de transição, usado em ligas metálicas (como baterias elétricas, na fabricação de aço inoxidável e em componentes eletrônicos de diversos dispositivos) e conhecido por sua alta resistência e condutividade.
Atualmente, a oferta global de níquel está concentrada sobretudo na Indonésia, na Austrália e na Rússia. As reservas brasileiras, por sua vez, totalizavam 9,9 milhões de toneladas em 2020, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). O Brasil é o oitavo maior produtor de níquel do mundo, com cerca de 77 mil toneladas anuais, segundo o mesmo levantamento.
A IFC atua como âncora do fundo e deve oferecer um aporte inicial de US$ 100 milhões. O restante do montante será captado pela IFC Asset Management Company (AMC) junto a investidores internacionais.
O foco do projeto é financiar a mineração de minerais críticos em regiões da América Latina e da África, classificadas como “mercados emergentes”. A ênfase, segundo os fundos investidores, está na transição energética, na digitalização, na mobilidade elétrica e em tecnologias de baixo carbono.
A mina brasileira que receberá o investimento é a Mina Santa Rita, localizada no município de Itagibá, a cerca de 370 quilômetros de Salvador. Atualmente, a mina opera no modelo de cava a céu aberto, mas está em transição para a produção subterrânea. Com uma vida útil estimada em mais de 30 anos, a operação produz aproximadamente 30 mil toneladas de níquel por ano.
A gestão e a operação do investimento serão conduzidas integralmente pela Appian Capital Advisory.
Atualmente, a mina de Santa Rita é controlada pela Atlantic Nickel, uma subsidiária da Appian, que vai utilizar os recursos do fundo para financiar a transição da lavra a céu aberto para a subterrânea, modernizar equipamentos e ampliar sua capacidade produtiva.