
Rota Sustentável COP30 foi o nome para resumir a iniciativa entre a Mercedes-Benz e a Be8 para verificar na prática a eficiência de um novo biocombustível como mais uma solução para contribuir na descarbonização do transporte.
No dia 21 de outubro, dois caminhões Actros 2553 6×2 e dois ônibus rodoviários RSDD iniciaram viagem em torno de 4.000 km de Passo Fundo (RS), cidade-sede da Be8, rumo a Belém (PA). Dois veículos (um ônibus e um caminhão) farão o percurso abastecidos com o diesel comercial B15 das bombas e, os outros dois, com o chamado Be8 BeVant, criação patenteada da empresa gaúcha, considerada a maior produtora de biodiesel do País.
Ao longo da viagem estão programadas paradas intermediárias nas quais, sob responsabilidade do Instituto Mauá de Tecnologia, os veículos serão auditados com o objetivo de calcular a redução de emissões promovida pelo BeVant em relação ao diesel. Um dos pontos agendados é, por exemplo, Brasília (DF) onde apresentar resultados ao governo.
“Os resultados apurados serão provenientes dos conceitos do Poço à Roda e do Tanque à Roda com as quais encontraremos quantas toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas”, conta Luiz Carlos Moraes, diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Mercedes-Benz do Brasil. “É viagem de demonstração de transição energética.”
As primeiras aferições feitas no primeiro trecho da viagem, de Passo Fundo à fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo se mostraram promissoras. Sob o critério do Tanque à Roda, os veículos abastecidos com o BeVant emitiram 99% menos gases de efeito estufa (GEE), enquanto a segunda metodologia reduziu em 65%. “Em uma hipótese de 700.000 km, mais 530 toneladas de CO2 deixariam de ser despejadas na atmosfera”, pondera Moraes.
Segundo a Be8, o novo biodiesel é o resultado de mais cinco anos de pesquisa e em produção há pouco mais de um ano. Diferentemente do biocombustível já conhecido, o BeVant passa por um segundo processo que reduz teores de ésteres e água. Com isso, a solução se torna menos perecível no armazenamento, bem como reduz de maneira significativa a criação de borras no sistema de alimentação do veículo.
“Pode ser usado 100% no veículo como em misturas. Também o veículo não precisa de qualquer adequação, nem mesmo altera o desempenho. Considero como o HVO brasileiro”, resume Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8, se referindo do diesel vegetal hidrogenado, considerado um dos potenciais combustíveis para descarbonizar o setor de transporte.
A ambição da BeVant é evoluir de um produto sob demanda para ser comercial. Battistella conta que a empresa, hoje, tem capacidade para produzir 120 mil litros/dia. Sem escala, no entanto, o custo se apresenta como inibidor, sendo o litro por volta de 10% mais elevado que o diesel. “É uma trajetória por escada, avançando a cada degrau”, exemplifica o executivo.
A produtora de biodiesel, porém, já conta uma lista de diversos parceiros envolvidos nos testes com o BeVant, como nas frotas de serviço dos aeroportos de Congonhas, em
São Paulo, e Salgado Filho, em Porto Alegre e da prefeitura de Passo Fundo. Também a Gerdau, o Centro Tecnológico Randon, a Transportadora Sulina e a FM Agroflorestal têm utilizado o novo biocombustível.