
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), um dos maiores conglomerados industriais do Brasil, acaba de anunciar a aquisição da siderúrgica espanhola Galvacolor, pertencente ao CL Grupo Industrial (Cristian Lay). O negócio marca o retorno da CSN ao mercado europeu, uma década após suas últimas negociações no continente, e amplia sua presença internacional nos segmentos de aço, mineração, logística, cimento e energia.
De acordo com o jornal espanhol El Economista, a transação foi notificada à Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) em 21 de outubro de 2025 e ainda aguarda aprovação regulatória. Os valores do negócio não foram divulgados.
A Galvacolor, localizada em Jerez de los Caballeros, na região de Badajoz (Extremadura, Espanha), é especializada na produção de aços planos em bobinas, com quatro linhas principais: decapado e aceitado, laminado a frio, galvanizado e pré-pintado. A empresa foi adquirida pela Cristian Lay em 2020, após um período de inatividade, e recebeu um investimento de 20 milhões de euros para retomar as operações.
Apesar da reativação, as últimas demonstrações financeiras da Galvacolor Jerez SLU, referentes a 2024, indicam queda de 16,6% na receita, para 95 milhões de euros, e prejuízo operacional de 7,4 milhões de euros. O patrimônio líquido negativo de 21,5 milhões de euros foi parcialmente compensado por um empréstimo participativo de 31 milhões concedido pelo Grupo Gallardo Balboa, o antigo controlador da companhia.
Foco em reestruturação e sustentabilidade
A venda da Galvacolor ocorre durante a execução do plano estratégico 2025–2027 do CL Grupo Industrial, que prevê investimentos de 200 milhões de euros e busca consolidar um modelo de crescimento sustentável. Segundo o grupo espanhol, a divisão de aço é uma das mais relevantes do conglomerado, ao lado do segmento de embalagens (packaging), e vem passando por uma “profunda transformação com foco em inovação e sustentabilidade”.
CSN reforça estratégia global
Com a aquisição, a CSN reforça seu interesse em ativos industriais na Europa, especialmente na Península Ibérica. A companhia já havia tentado avançar sobre o mercado espanhol há cerca de uma década, quando negociou com o Grupo Gallardo Balboa a compra de Cementos Balboa e das usinas siderúrgicas Corrugados Azpeitia e Corrugados Lasao, no País Basco.
A CSN é controlada majoritariamente pela Vicunha Aços e tem ações listadas na B3 (Brasil) e na Bolsa de Nova York (NYSE). Com receita anual superior a R$ 43 bilhões (cerca de 7 bilhões de euros) e Ebitda de 533 milhões de euros, a empresa emprega mais de 20 mil pessoas em suas operações no Brasil, Alemanha e Portugal.
A compra da Galvacolor representa um novo passo na estratégia de internacionalização e diversificação geográfica da CSN, fortalecendo sua presença no mercado europeu de aços planos — segmento que segue em transformação diante das pressões por descarbonização e eficiência energética.
Expansão com foco em competitividade
Para analistas do setor, o movimento é coerente com a estratégia da CSN de ampliar a integração vertical e o acesso a mercados estratégicos, aproveitando oportunidades de aquisição de ativos com potencial de reestruturação.
A empresa brasileira não comentou oficialmente a operação até o momento, mas fontes do setor afirmam que a compra da Galvacolor está alinhada à política da CSN de crescer de forma seletiva fora do Brasil, priorizando negócios complementares à sua cadeia siderúrgica.
Com essa aquisição, a CSN reforça sua posição entre os principais players globais do aço, demonstrando apetite por expansão internacional e capacidade de identificar ativos estratégicos em processo de transformação. A transação, ainda sujeita à aprovação regulatória, marca o retorno da companhia brasileira ao cenário industrial europeu e sinaliza uma nova fase de consolidação global.
Com informações do jornal El Economista (Espanha), reportagem publicada em 23 de outubro de 2025.
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