Vale mira eletrificação e voltará a ser a maior produtora de minério de ferro do mundo neste ano

Presente na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram 2025), evento realizado em Salvador (BA), o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, bastante assediado pelos participantes e pela imprensa nacional, reforçou o interesse da mineradora na transição energética, com foco na produção de cobre e níquel. Pimenta deu uma notícia em primeira mão ao público presente no painel em que participou: a Vale voltará a ser a maior produtora de minério de ferro do mundo.

O posto foi perdido para a mineradora australiana Rio Tinto logo após a tragédia de Brumadinho, em 2019. “No ano passado, nós produzimos 328 milhões de toneladas de minério e a expectativa é chegar a 360 milhões de toneladas neste ano. Assim, a Vale pode retomar o posto de maior mineradora de ferro do mundo”, disse.

Em sua palestra “Mineração do Futuro”, Pimenta destacou que a mineração pode crescer no país, desde que compense sua área de atuação com preservação, retorno para a população, arrecadação, renda e empregos. Ele cita o caso de Carajás, onde a Vale atua há quase quatro décadas. Nos mapas de satélite apresentados, pode-se ver que a parte mais preservada da Floresta Amazônica no Pará é justamente a área de responsabilidade da Vale.

Mesmo com a transição energética, afirmou Pimenta, ainda há demanda para o minério de ferro. “Crescimento populacional, eletrificação e urbanização são elementos que vão gerar demandas futuras”, completou.

Ele ressalta que o Brasil, mesmo com grande potencial, ficou para trás no crescimento da produção de cobre, um metal com enorme potencial de mercado. “A eletrificação passa por oferecer cobre e é um enorme desafio da indústria trazer esses projetos para operação. É um mercado restrito do ponto de vista de oferta e que tem uma demanda infinita, porque ele é a base de tudo que se quer fazer com a eletrificação no mundo”, completou.

A Vale planeja investir R$ 70 bilhões até 2030 no programa “Novo Carajás”, focado em expandir a produção de minério de ferro e cobre. A meta é dobrar a capacidade de produção de cobre na região para 350 mil toneladas até 2030. Há planos, com novos investimentos, de que esse volume chegue a 700 mil toneladas em 2030.

A Vale passou por um grande processo de transformação cultural ao longo desses últimos cinco ou seis anos, após a tragédia de Brumadinho. “Nós olhamos para dentro e passamos por um grande redesenho de processos, de cultura, modelos organizacionais. Talvez estejamos no nosso melhor momento do ponto de vista de estabilidade operacional”, disse.

Pimenta ressalta que a mineração enfrenta um desafio diante de novas e maiores demandas por minerais, em compasso com ressalvas à atividade por conta de seu perfil. “Nós precisamos furar a bolha da mineração e poder mostrar para a sociedade que o mundo é melhor pelo que a gente faz. O fato é que, quando olhamos a expectativa de crescimento de todos esses minerais (os chamados críticos), em vários estudos sobre sua aplicação, esbarramos ainda na falta de investimentos e regulamentações. Esses minerais são muito relevantes e uma enorme oportunidade de negócio. Então, não tem setor melhor para estar”, disse aos presentes em sua palestra. “Precisamos avançar em pautas que conectam demanda e oferta”, completou.

Apesar dessa realidade e defesa de novos minerais, Pimenta ressalta que a análise de oportunidades de investimento em novos projetos não está priorizada no momento. A estratégia da Vale se concentra no desenvolvimento de seus próprios recursos minerais, especialmente no projeto Carajás, onde a empresa possui uma vantagem competitiva significativa.

A Vale considera que a criação de valor reside principalmente no desenvolvimento de suas reservas minerais. A estratégia de fusões e aquisições (M&A) apresenta desafios, considerando as análises técnicas de mercado. A questão da descarbonização e das mudanças na mineração é crucial. “A Vale reconhece a crescente sofisticação dos clientes e a necessidade de oferecer produtos e soluções diferenciadas. A empresa se destaca na oferta de uma ampla gama de produtos minerais, atendendo às necessidades específicas de seus clientes”, concluiu.

Os minerais estratégicos, como terras raras e metais críticos, são essenciais para a transição energética. A Vale investe em fontes de energia renovável, reconhecendo a importância da descarbonização em suas operações e na produção de minerais. Ele disse ainda que a Vale acompanha o mercado de forma constante e avalia as oportunidades de desenvolvimento de projetos no Brasil.

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