Com recorde de produção trimestral de minério de ferro desde 2018, a Vale deve ver um aumento na receita líquida do terceiro trimestre de 2025, segundo estimativas de analistas.
O forte desempenho operacional da mineradora no período de julho a setembro deste ano deve trazer um aumento de cerca de 9% em relação a igual período do ano passado, para US$ 10,3 bilhões, conforme média calculada pelo Valor com base em projeções de quatro bancos. Os valores utilizados são do Citi, Itaú BBA, BTG Pactual e Ativa Investimentos.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) deve aumentar cerca de 17,3% em comparação com o terceiro trimestre de 2024, para US$ 4,2 bilhões, também na média. Por outro lado, o lucro líquido deve ter queda de 7,6%, para US$ 2,2 bilhões, conforme os valores projetados.
A estimativa mais alta de receita líquida é US$ 10,5 bilhões, do BTG Pactual, e a mais baixa é do Itaú BBA, de US$ 10,2 bilhões. No Ebitda, a maior projeção é do Citi, com US$ 4,4 bilhões, e a menor, do BTG Pactual, de US$ 4,1 bilhões. Para lucro líquido, o BTG Pactual tem o valor mais alto estimado, de US$ 2,6 bilhões, e o mais baixo é do Itaú BBA, de US$ 1,9 bilhão.
Para o Itaú BBA, os níveis recordes de produção de minério de ferro do trimestre reforçam o impulso operacional da companhia. “O prêmio de finos de minério de ferro melhorou significativamente, voltando a território positivo, o que sustenta a estratégia de mercado bem sucedida da Vale de otimizar o mix de produtos e reduzir a disponibilidade dos itens de baixa qualidade, diminuindo assim o desconto de mercado para esses produtos”, disseram os analistas do banco, liderados por Daniel Sasson.
A Vale fechou o terceiro trimestre com produção de minério de ferro de 94,4 milhões de toneladas, com alta de 3,8% frente a igual período do ano anterior. A produção de pelotas caiu 22,8% na mesma base de comparação, para 7,9 milhões de toneladas.
A mineradora informou que o S11D, em Carajás, registrou a maior produção de minério de ferro para um terceiro trimestre, com 32,6 milhões de toneladas, 6,7% a mais que em igual período do ano passado. Segundo a Vale, o crescimento foi fruto de melhorias contínuas de desempenho dos ativos. O aumento compensou a produção menor na Serra Norte, que caiu 5,3%, para 26,1 milhões de toneladas, afetada pela disponibilidade de “run-of-mine” (minério bruto sem processamento).
As vendas de minério de ferro da Vale no terceiro trimestre somaram 75 milhões de toneladas, alta de 8,2% ante igual período do ano anterior. As vendas de pelotas caíram 13,5% na mesma comparação, para 8,7 milhões de toneladas.
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, os volumes de embarque e preços realizados de minério de ferro da Vale vieram acima do esperado e devem se traduzir em um ajuste positivo de receita líquida, Ebitda e lucro líquido do terceiro trimestre. “Apesar da boa performance no trimestre, mantemos uma postura cautelosa para o setor, diante da racionalização da demanda chinesa, do ambiente incerto em relação a tarifas comerciais e da perspectiva de oferta incremental com o avanço de Simandou [projeto mineral na Guiné]”, ponderou Arbetman em relatório.
Outro ponto reforçado pelos analistas quanto às divulgações operacionais da Vale no terceiro trimestre foi a proximidade em relação às metas de produção. Segundo a mineradora, os três principais produtos – níquel, cobre e minério de ferro – caminham para o topo do “guidance” de produção em 2025. Para o Citi, os dados do terceiro trimestre deixam a companhia próxima pelo menos no centro da meta.