A Exposibram 2025 — maior evento de mineração da América Latina — está movimentando Salvador (BA) nesta semana e reafirmando o Brasil como protagonista no cenário global da mineração e da transição energética. Promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o evento reúne mais de 400 expositores nacionais e internacionais, além de uma programação intensa com cinco palcos simultâneos dedicados à inovação, sustentabilidade e governança no setor mineral.
Em sua abertura, realizada no dia 27 de outubro, o presidente do IBRAM, Raul Jungmann, destacou que “a mineração foi colocada no topo da geopolítica mundial” após decisões recentes do G7, que incluíram os minerais críticos e estratégicos como prioridade global. Segundo Jungmann, o Brasil tem condições únicas para liderar esse movimento: “Somos um país que reúne biodiversidade, matriz energética limpa e abundância em minerais essenciais para a economia verde. O desafio é transformar esse potencial em protagonismo”.
Bahia desponta como nova fronteira mineral
A escolha de Salvador como sede da Exposibram marca a consolidação do Nordeste como nova fronteira mineral do país. A Bahia, que concentra importantes reservas de cobre, níquel, ferro, lítio e terras raras, vem atraindo investimentos de grandes companhias e startups de tecnologia mineral.
O governo estadual participa ativamente do evento por meio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e da Bahiagás, com foco em atrair novos empreendimentos sustentáveis. “A Bahia é o estado que mais cresceu em número de projetos minerais nos últimos três anos e tem tudo para se tornar referência em mineração verde”, afirmou Antonio Carlos Tramm, presidente da CBPM.
Entre os destaques da programação, o painel “A nova fronteira mineral do Nordeste” reuniu representantes de empresas e governos para discutir infraestrutura, logística e regulação para novos projetos na região.
Sustentabilidade e tecnologia ganham espaço
Mais do que uma feira de negócios, a Exposibram 2025 se consolidou como um fórum global sobre o futuro da mineração. Os debates incluem temas como mineração de baixo carbono, uso de energias renováveis, digitalização de processos e cadeia de suprimentos responsável.
Empresas líderes do setor — como Vale, Anglo American, Gerdau, CBMM e Nexa Resources — apresentaram soluções tecnológicas para otimizar operações e reduzir emissões. Startups de mining tech também marcaram presença, trazendo ferramentas de monitoramento remoto, IA para mapeamento geológico e blockchain para rastreabilidade mineral.
“A mineração do futuro será digital, integrada e sustentável. Quem não se alinhar a esses princípios, ficará para trás”, afirmou Gustavo Pimenta, CEO da Vale, durante sua participação no painel “Mineração do Futuro”, que lotou o auditório principal.
Debates sobre regulação e política mineral
Entre as pautas mais discutidas está o Projeto de Lei 2780/2024, que cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos. O texto busca alinhar o Brasil às novas exigências internacionais de sustentabilidade e segurança de suprimentos.
Os participantes também discutiram temas como licenciamento ambiental ágil e eficiente, transparência na gestão dos recursos minerais e políticas de incentivo à industrialização local dos minerais estratégicos — especialmente cobre, lítio e terras raras.
“Se quisermos capturar o valor da nova economia verde, precisamos ir além da exportação de minério. O Brasil deve ser também produtor de tecnologia e componentes para energia limpa”, destacou Jungmann, reforçando a importância de políticas industriais integradas.
Mineração com propósito
Além da agenda técnica, a Exposibram 2025 reforçou o papel social da mineração, com iniciativas voltadas à diversidade, educação e engajamento comunitário. O pavilhão de responsabilidade social apresentou projetos de capacitação e empreendedorismo local apoiados por mineradoras em diversas regiões do país.
O evento também abriu espaço para o Diálogo com Comunidades Mineradoras, iniciativa do IBRAM que reúne lideranças locais para discutir convivência, transparência e desenvolvimento regional.
Novo ciclo para o setor
Com recorde de público, inovação tecnológica e presença de líderes empresariais e políticos, a Exposibram 2025 confirma a força e o dinamismo do setor mineral brasileiro.
O Brasil, que já figura entre os maiores produtores de ferro, nióbio e manganês do mundo, busca agora consolidar sua posição como fornecedor estratégico de minerais para a transição energética. “A mineração é parte essencial da solução climática. E o Brasil pode ser líder nessa agenda”, concluiu Jungmann.