O Brasil, um dos maiores produtores mundiais de alimentos como soja, carne animal e açúcar, pode dar um salto de desenvolvimento econômico e sustentável se agregar valor às suas commodities e aproveitar os resíduos orgânicos da agricultura e da pecuária, como dejetos de animais, para a geração de energia.
A indústria do Mato Grosso já adotou essa estratégia e essa atitude pode servir de exemplo não só para o país, mas para o mundo.
A Jornada Nacional de Inovação da Indústria, evento itinerante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), está percorrendo todo o país para traçar desafios, propostas e inovações de cada estado.
Nesta quinta-feira (30), em Goiânia, acontece o segundo encontro regional da Jornada, do Centro-Oeste, que vai reunir Mato Grosso, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul. Para cada Unidade da Federação, a Agência de Notícias da Indústria está publicando uma matéria para contar um pouco mais sobre o ecossistema do estado. Já trouxemos um panorama sobre RS, SC, PR, GO, DF e MS. Agora é a hora de conhecer o MT.
Três grandes empresas matogrossenses ilustram bem o ciclo autossustentável que a agroindústria pode ter no Brasil: a Nutribras Alimentos, a Uisa e a Amaggi. A primeira, com mais de 1,7 mil funcionários e 600 mil animais abatidos por ano, começou com a suinocultura, mas evoluiu para a produção agrícola, frigorífico e geração de energia.
Cultivam milho, feijão e soja, que, além de serem comercializados, são utilizados para fabricar ração para os suínos. E os dejetos dos animais vão para os biodigestores, para produção de biogás. Ou seja, tudo o que é subproduto de uma atividade se torna matéria-prima para a seguinte.
Em outra frente de sustentabilidade, a empresa utiliza biofertilizante nas lavouras de milho e soja. E, mais recentemente, iniciaram o desenvolvimento de biometano para uso veicular, com o lançamento do primeiro caminhão movido a biometano da suinocultura. O próximo desafio é converter toda sua produção de biogás (30.000 m³/dia) em combustível sustentável.
Já a Uisa, referência em processamento de biomassas com mais de 43 anos de história, tem 3,3 mil funcionários e atua em todas as etapas da cadeia produtiva, do plantio da cana-de-açúcar até o comércio, logística e distribuição do produto acabado – que pode ser açúcar, etanol, energia elétrica, biomassa, CBios (crédito de descarbonização), biogás e levedura. A empresa tem unidades industriais e centros de distribuição no MT, PA e AM.
E, para fechar o trio, a Amaggi começou como uma empresa familiar no Paraná, mas, dois anos depois da fundação, migrou as atividades para uma fazenda em Mato Grosso, onde o negócio prosperou. Hoje, dividem suas atividades em quatro frentes: agro, commodities, logística/operações e energia.
Os números impressionam: produzem 1,2 milhão de toneladas de soja, milho e algodão anualmente; comercializam 18 milhões de toneladas de grãos e fibras por ano em diferentes países; têm seis pequenas centrais hidrelétricas com 92 me de potência instalada e 35 usinas fotovoltaicas com mais de 32 mil placas solares; além de uma frota fluvial com 212 barcaças e empurradores e 40 unidades de armazenagem que comporta 2,7 milhões de toneladas.