
O governo do Rio Grande do Norte tenta atrair investidores privados para o projeto do Porto-Indústria Verde, que pretende construir em Caiçara do Norte (160 km de Natal) focado em operações portuárias multiuso, com ênfase em eólicas offshore, insumos industriais de baixo carbono e projetos ligados a hidrogênio verde (H2V), este ainda em desenvolvimento. Nos últimos meses, a governadora Fátima Bezerra (PT) apresentou o projeto a dinamarqueses, árabes e chineses, entre eles a China Communications Construction Company (CCCC).
Há acordos de cooperação e memorandos de entendimento firmados com grandes empresas do setor energético, segundo o governo estadual, que pretende formar parcerias com portos da Europa. Em meados deste ano, Bezerra esteve na Dinamarca, onde visitou o Porto de Esbjerg, um dos principais terminais multimodais da Europa, com forte atuação na indústria offshore e energia renovável. A agenda incluiu visita à Blue Water Shipping, uma das operadoras do porto dinamarquês, que demonstrou interesse no projeto.
Embora esses grupos não tenham firmado algum tipo de parceria, o Rio Grande do Norte tem intensificado articulações para viabilizar a construção do terminal, estimado em mais de R$ 5 bilhões. O estudo de viabilidade técnica da obra deve ser concluído em 2027, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor). Alex Ávila, secretário Nacional de Portos, diz que estudos preliminares, que incluem alternativas tecnológicas, soluções de logística (rodovias e ferrovias), avaliação de impactos ambientais e socioeconômicos e aspectos comerciais que potencializem a competitividade, já estão em andamento.
Estado busca interessados em operações com ênfase em eólicas offshore, insumos industriais de baixo carbono e H2V
De acordo com o advogado Nilton Mattos, sócio de infraestrutura e energia do escritório Mattos Filho, o principal vetor que impulsiona o projeto do Porto-Indústria Verde é o potencial de geração de energia eólica – a disponibilidade de energia limpa em larga escala permite a produção de H2V certificado, que seria essencial para viabilizar sua exportação a mercados como a Europa.
O Rio Grande do Norte, que já lidera a produção nacional de energia eólica onshore, agora busca expandir sua atuação para o mar, com geração offshore. O H2V, entretanto, ainda não é viável economicamente devido aos custos de produção. Se as expectativas de redução se concretizarem, o novo porto pode ser essencial para o escoamento da produção e para atrair empreendimentos ligados a energia renovável, aço verde ou até mesmo fertilizantes, avalia Mattos.