Vendas de carros elétricos de luxo caem nos EUA após fim de subsídios

Há poucos anos, a Ford acreditava ter um sucesso garantido com a picape elétrica F-150 Lightning. Mas, no fim de setembro, o Congresso e o presidente Donald Trump eliminaram os subsídios federais para a compra de carros elétricos e as vendas despencaram, sobretudo dos modelos grandes e caros.

Agora o futuro da picape é incerto. A Ford parou de fabricar o modelo —cujo preço começa em US$ 55 mil e pode passar de US$ 85 mil nas versões mais completas— e não diz quando, ou mesmo se, a produção será retomada.

A crise da Lightning faz parte de uma mudança mais ampla. Nos últimos anos, muitos dos veículos elétricos comprados nos EUA eram modelos de luxo, como o Tesla Model S, o GMC Hummer e o Porsche Taycan, todos acima de US$ 80 mil. Mas isso está mudando.

As vendas de elétricos premium estagnaram, enquanto consumidores migram para modelos mais acessíveis, como o Chevrolet Equinox e o Hyundai Ioniq 5, na faixa dos US$ 35 mil.

“Quando o subsídio acabou, os veículos mais caros realmente começaram a perder ritmo”, disse Tim Hovik, dono da concessionária San Tan Ford, no Arizona, que já chegou a vender dezenas de Lightnings por mês.

Assim como a Ford, a General Motors interrompeu a produção do Hummer elétrico. A fábrica em Michigan deve reabrir em janeiro, mas com apenas um turno de oito horas, em vez de dois. A GM também está desacelerando a produção dos Cadillacs elétricos.

“Só no início do próximo ano vamos realmente saber qual é a demanda verdadeira por carros elétricos”, disse a CEO da GM, Mary Barra, em teleconferência no mês passado.

A Tesla reduziu significativamente a produção de seus três modelos premium —Model S, Model X e Cybertruck. A Honda descontinuou o Acura ZDX, e a Stellantis cancelou uma picape Ram elétrica antes mesmo do lançamento.

A Rivian, fabricante mais jovem, também está reduzindo o ritmo de produção de SUVs e picapes premium e prepara um modelo mais barato para o ano que vem. A empresa demitiu cerca de 600 funcionários e registrou prejuízo de US$ 1,2 bilhão no terceiro trimestre.

Na Europa, montadoras também estão revendo suas estratégias, pressionadas pelo mercado mais fraco e pelas tarifas de importação impostas por Trump.

A Mercedes-Benz deixou de importar seus modelos elétricos de luxo para os EUA. A Volkswagen reduziu a produção da ID.Buzz, sua van elétrica premium fabricada na Alemanha.

A Porsche —controlada pela Volkswagen— anunciou em setembro que suspenderia o desenvolvimento de vários novos veículos elétricos e investiria pesado em novos modelos a gasolina. A guinada cobrou seu preço: a empresa teve prejuízo operacional de quase 1 bilhão de euros no terceiro trimestre.

“Vimos uma queda clara na demanda por carros elétricos exclusivos, e estamos levando isso em consideração”, disse Oliver Blume, CEO da Volkswagen e da Porsche.

Para a maior parte das montadoras ocidentais, o tombo no mercado de carros elétricos tem um lado positivo: com exceção da Tesla, a maioria vinha perdendo dinheiro nesses modelos —sobretudo nos de luxo. Com menos vendas, vêm também perdas menores.

Em outubro, as vendas de elétricos nos EUA caíram 33% em relação ao ano anterior, para 64,5 mil unidades, segundo a J.D. Power. As vendas da F-150 Lightning caíram 12%, para 1.543 unidades. A Acura vendeu apenas 25 ZDXs, ante mais de 1.200 um ano antes.

“Muita gente achou que o segmento de elétricos de luxo seria sustentável e continuaria crescendo”, disse Jessica Caldwell, vice-presidente de insights da Edmunds. “Mas, com todas as mudanças no setor, ele simplesmente não é tão grande quanto imaginávamos.”

Embora o crédito fiscal de US$ 7.500 fosse um desconto relativamente pequeno em carros de luxo, ele ajudava montadoras a montar ofertas atraentes. Agora, porém, os valores de revenda dos elétricos usados vêm caindo —o que encarece os pagamentos mensais e derruba ainda mais a demanda.

Hovik, o concessionário da Ford, disse que cerca de 75% dos elétricos que vendia eram por aluguel. “Sem uma proposta forte de aluguel, eles ficaram caros demais”, afirmou.

Sua loja tem cerca de 75 Lightnings paradas no pátio, à espera de incentivos que a Ford possa oferecer. Outras montadoras já aumentaram os descontos: a Mercedes está oferecendo abatimentos acima de US$ 10 mil em alguns modelos e até US$ 50 mil em um Maybach EQS, que parte de US$ 180 mil.

A queda na demanda por modelos elétricos caros também abre espaço para consumidores que nunca conseguiriam comprá-los, mesmo com grandes descontos. Aproximadamente uma dúzia de modelos hoje parte de menos de US$ 40 mil —e versões recentes do Nissan Leaf e do Chevrolet Bolt custam abaixo de US$ 30 mil.

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