O Ministério dos Transportes finaliza o edital para a construção da Estrada de Ferro 118 (EF-118) — que vai ligar o Espírito Santo ao Rio de Janeiro —, para encaminhar ao Tribunal de Contas da União (TCU) nos próximos dias.
A novidade, conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo, é a viabilização dos R$ 4 bilhões para a construção da ferrovia, por meio de investimentos cruzados, obtidos pelas concessões ferroviárias que já tiveram seus contratos renovados antecipadamente pelo governo: a MRS Logística, a Rumo Malha Paulista e a Vale, por meio da Estrada de Ferro Vitória-Minas.
A proposta prevê a criação de uma conta especial, como forma de concentrar o dinheiro das concessões em um único local, em vez de mandar esses recursos ao Tesouro Nacional. É uma maneira de garantir aos interessados que o repasse está carimbado para o setor ferroviário, mais precisamente para a EF-118, também chamada de Anel Ferroviário do Sudeste.
Parte dos recursos, R$ 2,8 bilhões, sairão do acordo firmado com a MRS, que teve a concessão renovada em setembro de 2025. Com a Rumo Malha Paulista, a ideia é usar mais R$ 502,5 milhões pela renovação de seu contrato. Já a Vale, que renovou a concessão da EFVM, será a origem de R$ 826 milhões.
O edital não deve prever investimentos em trens e locomotivas pelo vencedor. Portanto, quem vencer o leilão não precisará ser dono de trens ou carga e vai poder ofertar apenas a ferrovia para terceiros, sendo remunerado por direito de passagem.
A EF-118 terá extensão de 575 quilômetros, conectando Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, com o município de Santa Leopoldina, promovendo a integração da malha ferroviária do Sudeste e garantindo o acesso ferroviário a vários terminais portuários. O trecho que efetivamente receberá o aporte financeiro do governo é um corredor de aproximadamente 246 quilômetros, entre São João da Barra, onde está o Porto do Açu, e Santa Leopoldina, no interior capixaba, fazendo a ligação com a malha da Vale (EFVM).
Depois de passar por avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU), o edital para concessão da ferrovia deverá ser publicado no início do ano que vem, para posterior realização do leilão no primeiro semestre de 2026.
Raio-X da EF-118:
Prazo: 50 anos
Extensão: 575 Km
Investimento previsto (Capex): R$ 4,6 bilhões
Custos operacionais previstos (Opex): R$ 4,4 bilhões
Demanda (em milhões de toneladas): potencial de operação de aproximadamente 40 milhões de toneladas no longo prazo
Participação da União: R$ 3,28 bilhões
Critério de julgamento do leilão: maior Lance, atrelado ao menor valor do auxílio pré-determinado licitado