Brasil e EUA sinalizam avanço em tratativas sobre tarifas

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O governo brasileiro e o dos Estados Unidos deram sinais de que as negociações em relação às tarifas devem progredir nos próximos dias, com potencial de algum acordo.

Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reuniu-se com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para tratar das negociações bilaterais entre os países.

“Apresentamos nossas propostas para a solução das questões [tarifárias]. Agora estamos esperando que eles nos respondam”, disse Vieira a jornalistas após o encontro.

Rubio afirmou, também a jornalistas, que uma resposta do governo dos Estados Unidos deve vir “muito rapidamente”.

Desde agosto, o governo do presidente norte-americano Donald Trump aplica uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros, embora segmentos importantes tenham ficado isentospor serem bens considerados sem produção equivalente nos Estados Unidos.

A lista de exceções inclui celulose e derivados de petróleo, certas aeronaves civis e peças, alguns fertilizantes, produtos energéticos, ferro-gusa e metais preciosos.

“O cenário mais provável é que, no curto prazo, o avanço das negociações entre Brasil e Estados Unidos resulte em uma expansão dessa lista de exceções. É muito provável que café e carne bovina, assim como outros produtos alimentícios, sejam inseridos, pois são itens que estão impactando a inflação nos Estados Unidos”, disse Mário Sérgio Lima, analista político da Medley Global Advisors, à BNamericas.

Segundo Lima, no entanto, temas mais sensíveis devem ser tratados no médio prazo.

“Os Estados Unidos querem obter uma redução de tarifas para vender mais etanol ao Brasil, mas há resistência de setores empresariais brasileiros, o que demandará mais negociações. Além disso, há o interesse dos Estados Unidos em ter acesso às reservas de terras raras do Brasil, mas essa questão não depende só da vontade do governo atual, é necessária também a aprovação do congresso nacional para parcerias mais profundas”, afirmou.

O Brasil tem hoje o segundo maior volume de reservas de terras raras no mundo, atrás apenas da China, o que coloca o país como fornecedor-chave de insumos amplamente utilizados nos setores de tecnologia e defesa dos Estados Unidos.

No acumulado do ano, até o fim da primeira semana de novembro, os dados mais recentes do governo brasileiro, o saldo comercial brasileiro atingiu US$54,2 bilhões (bi), abaixo do total de US$69,5bn no mesmo período de 2024, que foi um recorde.

Apesar da queda no saldo comercial, analistas afirmam que o Brasil tem conseguido compensar parte dos efeitos das tarifas americanas ao ampliar exportações para a Ásia e para a Argentina.

Questões políticas

As tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil têm forte componente político.

Quando implementadas, o governo Trump alegou que parte das razões estava ligada à suposta perseguição política contra o ex-presidente de direita Jair Bolsonaro.

Recentemente, Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022 para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar das diferenças ideológicas, Lula e Trump têm dado sinais de aproximação, deixando em aberto o diálogo entre os países.

No entanto, essas diferenças devem limitar uma relação tão próxima quanto a estabelecida entre os EUA e outros governos da região mais alinhados às posições de Trump.

“Por mais que existam sinais de aproximação, não vejo o governo do Brasil tendo uma relação tão próxima com os Estados Unidos como ocorre agora com outros países da região, governados por líderes com viés político e econômico mais alinhado ao de Trump”, disse Lima.

Nesta semana, os Estados Unidos anunciaram novos acordos comerciais com Argentina, Guatemala, El Salvador e Equador.

Com a Argentina – cujo presidente Javier Milei recebe apoio aberto de Trump – foi fechado um acordo que consolida compromissos tarifários, regulatórios e de segurança econômica.

A iniciativa fortalece a integração bilateral, amplia o acesso a mercados estratégicos e estabelece bases para cooperação em setores industriais, agrícolas, tecnológicos e ambientais.

– Detalhes do acordo entre Estados Unidos e Argentina, anunciados pela Casa Branca, podem ser vistos nesse link.

Mineração

Alvo de interesse dos Estados Unidos, as reservas robustas de terras raras do Brasil estão sendo consideradas pelo governo brasileiro como parte das negociações com Washington.

Porém, assim como tem feito desde a adoção das tarifas norte-americanas, o Brasil também tem sinalizado interesse em diversificar seus potenciais parceiros.

“Estamos avançando em uma nova agenda mineral baseada em sustentabilidade, inovação e valorização dos nossos recursos. O ministério tem atuado para estruturar toda a cadeia de minerais estratégicos, desde a pesquisa geológica até a fabricação de insumos estratégicos, como ímãs permanentes e baterias. Também estamos promovendo parcerias com países latino-americanos e africanos para troca de conhecimento, desenvolvimento de capacidades e identificação de oportunidades conjuntas em transformação mineral”, disse Gustavo Masili, coordenador-geral de Minerais Estratégicos e Transição Energética no Setor Mineral, do Ministério de Minas e Energia, em comunicado.

“Acreditamos que a solidariedade e a integração entre os países do Sul Global são essenciais para capturar o verdadeiro valor da transição energética. Temos um desafio em comum: transformar nossa riqueza geológica em riqueza tecnológica, social e ambiental”, afirmou Masili.

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