Varejo estima crescimento moderado em 2026

Embora o efeito direto de uma eventual redução da taxa Selic nos financiamentos de veículos possa ser menor do que se imagina o efeito psicológico do recuo dos juros atrai novamente o consumidor ao mercado. Foi o que disse Mauro Saddi, presidente da Assobrav, que participou de painel com Marcelo Cyrino, vice-presidente da Fenabrave, e Adcley Souza, presidente da Assobens, no Congresso Perspectivas e Tendências 2026.

“Quando a taxa começa a cair cria-se uma perspectiva descendente que melhora a confiança do consumidor e estimula o mercado.”

Os concessionários ressaltaram que a renda continua crescente e o desemprego formal segue em níveis baixos. Há setores, como o de padarias, que somam mais de 30 mil vagas em aberto, segundo o presidente da Assobrav. Diante deste cenário ele projeta 2,6 milhões de veículos vendidos este ano e 2,7 milhões em 2026.

Souza, da Assobens, enfatizou que a decisão de compra no segmento de caminhões nem sempre é baseada em análises sofisticadas. A cautela ainda predomina no mercado, especialmente por compradores de veículos comerciais, que aguardam sinais mais claros e firmes de melhora antes de renovar suas frotas.

“O empresário comprador menos estruturado olha as notícias e decide se vai segurar ou comprar.”

Revisão de expectativas e fatores regulatórios

Cyrino trouxe dados mais conservadores da Fenabrave, revelando que a projeção inicial de 5% de crescimento para 2025 foi revista para 3% e pode terminar em zero a zero. As principais causas dessa frustração não são apenas econômicas, mas regulatórias: “A lei do marco das garantias não foi implementada de forma efetiva pelas financeiras e pelos Detran, impedindo o aumento esperado na aprovação de crédito”.

Hoje, de cada dez solicitações de financiamento, apenas seis a sete são aprovadas para automóveis, mas o número poderia ter crescido significativamente com garantias mais palpáveis.

Outro ponto regulatório crítico mencionado por Cyrino é o Renave obrigatório para seminovos. Além de trazer segurança jurídica para um mercado seis a oito vezes maior que o de 0 KM, esta medida é essencial para combater fraudes e lavagem de dinheiro. O vice-presidente da Fenabrave revelou dados alarmantes:

“O PCC possui redes de lojas de veículos usados. No Estado de São Paulo, que representa 35% das vendas de usados no Brasil, apenas 13% são formalizadas. Os 87% restantes de vendas informais criam um ambiente propício para a lavagem de dinheiro e fraudes, cujos custos são precificados nos juros para todos os consumidores”.

Segmentos específicos e a influência chinesa

No segmento de caminhões Souza afirmou que existe um represamento de demanda nos extrapesados, com empresários adiando a renovação de frotas devido às dificuldades de financiamento. Já o mercado de ônibus deve sofrer uma queda de aproximadamente 20% no ano que vem.

O mercado de motocicletas foi destacado como um dos mais promissores, caminhando para ultrapassar 2 milhões de unidades. Cyrino lembrou que a moto ocupou espaços antes reservados aos automóveis, com consumidores migrando tanto de carros quanto de transporte público. O setor é ainda mais sensível ao custo do financiamento, e a implementação do marco das garantias seria especialmente benéfica para as motocicletas, que têm a pior taxa de aprovação de crédito do mercado: apenas duas a três aprovações a cada dez solicitações, em comparação com seis a sete para automóveis.

A chegada agressiva das marcas chinesas também foi discutida. Saddi observou que eles estão trazendo não apenas grandes volumes, mas preços competitivos que forçam as montadoras nacionais a reduzirem seus preços, o que pode ampliar o mercado. No entanto, o painel dedicou atenção especial aos novos modelos de negócio propostos por essas marcas.

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