Em 8 de novembro de 2025, o MASP sediou o encontro promovido pela Built by Nature, reunindo especialistas internacionais, arquitetos, pesquisadores e representantes da indústria da construção para antecipar pautas que ganharão força na COP30, em Belém. O evento destacou a madeira engenheirada como uma das principais soluções de baixo carbono para a construção civil e reforçou o protagonismo brasileiro na agenda global de descarbonização.
A Built by Nature, organização internacional dedicada a promover o uso responsável de madeira e de materiais bio-simbólicos no ambiente construído, reuniu no MASP os vencedores do Built by Nature Prize, premiação voltada a projetos exemplares em arquitetura em madeira. Entre eles, Queensland Fire and Emergency Services HQ, La Maison de la réserve écologique, The Black and White Building e Heartwood.
A programação também recebeu lideranças nacionais e internacionais para discutir políticas públicas, economia florestal e caminhos para ampliar o uso da madeira engenheirada em escala urbana.
Entre os destaques, Ana Belizário, diretora da Urbem e diretora de Advocacy da ABRACIME, moderou o painel “Brasil em foco: política, prática e economia florestal positiva”. Apresentou o case do Sesc Paraty, construído com madeira engenheirada da Urbem em parceria com ITA Engenharia, e o projeto em madeira do Sesc Presidente Prudente, do escritório JPG.ARQ — ambos exemplos de eficiência, redução de emissões e integração entre inovação e responsabilidade ambiental.
Segundo Belizário, “cada metro cúbico de madeira engenheirada representa carbono que deixa de ser emitido e passa a ser armazenado nas estruturas das cidades”, reforçando o potencial da construção civil como agente de mitigação climática. Ela também destacou que a presença da madeira na COP30 marca “uma oportunidade histórica” para o setor.
O painel contou ainda com a participação do arquiteto José Paulo Gouvêa, do escritório JPG.ARQ, seguido de debate com Guilherme Stamato e Marcelo Aflalo, ambos do Núcleo da Madeira. As discussões abordaram inovação técnica, cadeia produtiva, certificações e o papel das políticas públicas na ampliação da madeira como material estratégico para cidades sustentáveis.
Para a Urbem — pioneira nacional na produção de madeira engenheirada — o momento é de expansão. A empresa projeta dobrar sua capacidade produtiva em 2025, alcançando 6.000 m³, e crescer 50% ao ano até atingir 11.000 m³/ano, apoiada na demanda crescente e na proximidade com florestas plantadas certificadas no Paraná.
O encontro no MASP evidenciou que a COP30 impulsionará não apenas debates climáticos, mas também transformações estruturais no setor de construção. A madeira engenheirada, ao unir tecnologia, produtividade e baixa emissão, consolida-se como um dos vetores da economia florestal positiva — especialmente em um país com a dimensão territorial e a biodiversidade do Brasil.