
Com o fim do tarifaço dos EUA, anunciado pela Casa Branca na última quinta-feira (20/11), 238 categorias de produtos deixaram de ser tarifadas, reduzindo parte das cobranças sobre produtos brasileiros. Mas, apesar do avanço, 62,9% das exportações do país seguem enfrentando tarifas entre 10% e 50%. É o que aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Além disso, a CNI também afirmou que 37,1% da pauta exportadora ficou totalmente isenta de taxas, somando US$ 15,7 bilhões em exportações. Já os demais embarques se distribuem entre tarifas recíprocas, sobretaxas específicas e mecanismos vinculados à segurança nacional. Com isso, a estrutura permanece fragmentada, o que mantém pressão sobre setores industriais que dependem do mercado americano e ficaram de fora do encerramento do tarifaço.
Fim do tarifaço dos EUA e o impacto nas tarifas aplicadas
O sistema de cobrança dos EUA continua disperso. Tarifas combinadas de 50% atingem cerca de um terço das exportações, enquanto a Seção 232, voltada à siderurgia, responde por 11,9% das vendas brasileiras. Além disso, a isenção condicionada à aviação civil cobre 7,5% da pauta e beneficia cadeias de elevado valor agregado.
Mesmo após o fim do tarifaço, quatro grandes setores permanecem entre os segmentos com maior número de produtos ainda taxados pelos EUA. Sendo eles:
Máquinas e equipamentos: compressores, motores industriais, bombas e máquinas agrícolas.
Calçados: tênis esportivos, sandálias e botas de couro.
Móveis: peças de madeira, estofados, móveis de escritório.
Siderurgia: aço laminado, chapas metálicas, produtos semiacabados.
Esses grupos mantêm presença histórica no comércio bilateral e seus respectivos produtos seguem enfrentando custos elevados mesmo após o encerramento do tarifaço dos EUA. Já entre outras áreas de exportação, o setor de pescados também permanece entre os não contemplados pela flexibilização.
Reações da indústria brasileira
Apesar de grande parte do setor industrial ainda estar sob taxações, para a CNI, a decisão americana representa um ponto de partida para novas conversas. O presidente Ricardo Alban afirma que “setores muito relevantes ainda não entraram na lista de exceções”, mas avalia que o aumento das isenções sugere maior disposição para avançar na pauta industrial.
Portanto, a expectativa, segundo ele, é que o diálogo possa alcançar as áreas manufatureiras ainda excluídas.
Ajustes futuros após o encerramento das sobretaxas
Esse encerramento das sobretaxas insere o Brasil em um ambiente internacional mais competitivo, com os EUA buscando fornecedores alternativos em cadeias industriais estratégicas.
Parte da pauta exportadora ganhou vantagem imediata, mas segmentos industriais ainda aguardam novos sinais da Casa Branca para avaliar ampliação de investimentos e rotas de longo prazo. O tema seguirá no centro das negociações, indicando que o fim do tarifaço dos EUA ainda terá efeitos relevantes no médio prazo.