O mercado imobiliário da Região Metropolitana do Recife registrou, nos últimos 12 meses até setembro de 2025, o melhor desempenho recente em vendas e lançamentos, somando aproximadamente R$ 5,1 bilhões em negócios. Apesar do volume recorde, o avanço não ocorreu de maneira equilibrada entre todos os segmentos.
O movimento mais evidente é a polarização do mercado entre os imóveis do programa Minha Casa Minha Vida, voltados para famílias de renda até R$ 12 mil e com valor máximo de até R$ 500 mil, e os empreendimentos de padrão elevado, especialmente aqueles classificados como luxo e super-luxo. Esses dois extremos concentraram a maior parte das unidades negociadas e do valor geral de vendas no período.
Em sentido oposto, a faixa de classe média tradicional — especialmente os imóveis entre R$ 600 mil e R$ 900 mil — praticamente desapareceu do radar das incorporadoras. O aumento significativo dos custos de construção, aliado ao ambiente de juros mais altos, tornou essa faixa pouco viável economicamente, reduzindo a quantidade de lançamentos destinados ao público intermediário.
Com isso, o mercado da RMR passa por um processo de “achatamento”: produtos econômicos ganham protagonismo em volume, enquanto o alto padrão lidera em valor agregado. Já a classe média, historicamente responsável por grande parte da demanda imobiliária urbana, perde espaço e encontra poucas opções disponíveis.
Especialistas apontam que, caso juros e custos se mantenham elevados, essa tendência pode se intensificar, abrindo um vácuo de oferta para famílias de renda intermediária. O risco é que esse público adie a compra, busque imóveis mais distantes dos centros urbanos ou migre para o aluguel, prolongando a pressão sobre o déficit habitacional.