A VLI, gigante da logística, confirmou interesse em participar do leilão para a construção da Estrada de Ferro 118.
Segundo o CEO da empresa, Fábio Marchiori, é avaliada a participação nos leilões da EF-118, da Ferrogrão e do Corredor Leste-Oeste, em todos os modelos possíveis: concessão, coinvestimento ou como agente de transporte ferroviário.
“Na Estrada de Ferro Vitória a Minas não somos concessionários, mas operamos carga geral. Cada caso é estudado conforme a carga e a geografia”, afirma. A informação foi dada pelo CEO durante entrevista à revista Exame.
Segundo o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Theo Sampaio, os projetos da ferrovia EF-118 e da Ferrogrão devem ser leiloados até o primeiro semestre de 2026, enquanto o “Fico-Fiol” está previsto para o segundo semestre do ano que vem.
No caso da EF-118, o Ministério dos Transportes anunciou, durante a apresentação da carteira de projetos ferroviários para o próximo ano, que o edital para a construção será publicado em março de 2026, enquanto o leilão deve ser realizado 100 dias depois.
“Olhando a distribuição de carga no Brasil, vemos saturação no Sudeste, principalmente no Porto de Santos, que tem limitações físicas. Nesse sentido, a ‘Fico’ parece estratégica, pois pode ajudar a escoar cargas via Norte — como do Matopiba. A Ferrogrão também tem potencial, por estar no centro do Mato Grosso, com complementariedade à malha Norte. A EF-118 pode ser interessante combinada com outra ferrovia”, disse Marchiori.
Também conhecida como Ferrovia Vitória-Rio, a EF-118 é um projeto de infraestrutura ferroviária para conectar os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, com o objetivo de integrar a malha logística do Sudeste, conectar portos e polos industriais, e viabilizar o transporte de cargas.
Acordos feitos pelo governo federal a partir de renovações antecipadas de outras ferrovias podem garantir mais de R$ 4 bilhões para a construção da EF-118, como parte do Anel Ferroviário Sudeste, ligando Santa Leopoldina ao Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
Cronograma
Se for mantido o cronograma ferroviário apresentado ontem pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, o edital para a construção do Anel Ferroviário Sudeste, conhecido como Estrada de Ferro 118 (EF-118), que vai ligar o Espírito Santo ao Rio de Janeiro, será publicado no dia 26 de março de 2026, e o leilão deverá ocorrer depois meses após, em 26 de junho do ano que vem.
Na carteira de projetos apresentada pelo ministro, constam as duas fases da EF-118: a fase 1, que vai ligar Santa Leopoldina a Anchieta (ligando a Estrada de Ferro Vitória a Minas ao porto de Ubu), e a fase 2, que será de Anchieta até São João da Barra, no Rio de Janeiro, onde está instalado o Porto do Açu.
Política nacional
A Política Nacional de Outorgas Ferroviárias define diretrizes claras de planejamento, governança, sustentabilidade e, principalmente, um novo modelo de funding, que combina recursos públicos e privados.
A carteira do Ministério dos Transportes prevê oito leilões de ferrovias, que abrangem mais de 9 mil quilômetros de extensão e devem atrair cerca de R$ 140 bilhões em investimentos, com projeção de R$ 600 bilhões injetados no sistema ferroviário.
A ampliação dos trilhos reduzirá custos logísticos, aumentará a competitividade da produção nacional e diminuirá a dependência do transporte rodoviário.
Entre os projetos, destacam-se o Anel Ferroviário do Sudeste (EF-118), a Ferrogrão, o Corredor Leste-Oeste, a Malha Oeste e os corredores da Malha Sul, entre outros.
Outras ferrovias
Quatro projetos de ferrovias que ligam o Espírito Santo ao Centro-Oeste brasileiro, e podem se tornar ponto de partida da Ferrovia Bioceânica, também estão no radar de empresas privadas.
Planejada para atravessar o País, a ferrovia terá como destino o porto de Chancay, em Lima, no Peru. No Estado, pode iniciar em São Mateus, Aracruz ou Presidente Kennedy.
As propostas foram enviadas ao governo federal e estão atualmente sob análise.