Soluções sustentáveis para o saneamento e a construção civil devem acompanhar o crescimento vertiginoso da população na Grande Florianópolis, debateu uma das mesas do Seminário Impacto Futuro. O evento, promovido pelo IMPAC (Instituto Mauro Passos de Proteção Ambiental e Climática), ocorreu na quinta-feira (27), no Plaza Caldas da Imperatriz Resort & Spa, em Santo Amaro da Imperatriz.
O Seminário propôs dar continuidade às discussões iniciadas na COP 30. As mesas abordaram temas como saneamento, expansão urbana, novas oportunidades de mercado pós-COP 30, produção científica e perspectivas para o futuro.
Grande Florianópolis é a região com pior índice de tratamento de esgoto em SC
Os índices de coleta de esgoto em três municípios da Grande Florianópolis colocam a região com o pior índice de saneamento básico de Santa Catarina. O índice de coleta de esgoto em relação à população de Palhoça é de 13,2%; em São José, de 47,4%; e em Florianópolis, de 65,2%. Os dados do IBGE foram apresentados pela Fast Tecnologia Industrial, que fez parte da mesa.
O percentual acompanha o crescimento populacional na região. Apenas entre 2024 e 2025, a Grande Florianópolis registrou o maior crescimento populacional entre regiões metropolitanas do Brasil. De acordo com o IBGE, o número de moradores aumentou 2,24%, o maior índice entre as 30 regiões metropolitanas mais populosas do país.
O estudo Estimativas da População, divulgado em agosto deste ano, aponta que o aumento foi impulsionado, principalmente, por pessoas que escolheram Palhoça para morar — crescimento populacional que acompanha o índice crítico no saneamento básico.
Crescimento populacional por município:
Palhoça: 3,3%
São José: 2%
Florianópolis: 1,9%
Tratamento de esgoto descentralizado pode ser a solução para saneamento
Matheus Wilbert, gerente comercial da Fast, falou sobre como a iniciativa privada pode ajudar o poder público com soluções sustentáveis de saneamento em conglomerados urbanos. Segundo ele, em regiões de grande concentração populacional, a instalação de mais ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) tradicionais exigiria obras subterrâneas extensas, que oneram o orçamento público.
A Fast já instalou estruturas de algumas ETEs em Florianópolis, como a da Lagoa do Peri, a de Canasvieiras e a da Beira-Mar Norte. O especialista explica que a substituição da estrutura por equipamentos mais tecnológicos diminui o espaço ocupado pela ETE em até oito vezes e permite descentralizar o tratamento de esgoto, melhorando o saneamento básico.
“A iniciativa privada, em conjunto com a tecnologia e a inovação, vem trazendo equipamentos mais atualizados e compactos, que permitem que a estrutura esteja em meio à população, fazendo o tratamento de forma descentralizada, em pequenos pontos da cidade, sem criar nenhum impacto negativo na comunidade”, explica Wilbert.
Crescimento urbano de forma sustentável na construção civil
A arquiteta Thaisa Kleinubing, especialista em arquitetura sustentável e ecoeficiência e à frente de um escritório em Florianópolis, explica que o crescimento das cidades pode ocorrer de maneira equilibrada quando as construções priorizam eficiência, planejamento e responsabilidade ambiental.
Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2019), o setor consome 70% dos recursos naturais do planeta, gera 60% dos resíduos urbanos, utiliza majoritariamente madeira não certificada e responde por 40% das emissões de CO₂ — números que, para ela, evidenciam a urgência de repensar o modelo atual. “Se a gente não mudar a forma de construir agora, vamos continuar agravando problemas que já estão no limite”, alerta.
Com experiência em escritórios europeus, Thaisa destaca que legislações rígidas podem transformar o cenário, já que índices de eficiência são determinantes para a aprovação de projetos em outros países. De volta ao Brasil, ela adaptou essas referências às condições locais e afirma que o desenvolvimento sustentável começa no desenho dos projetos.
Entre as estratégias adotadas, cita soluções passivas de conforto térmico, geração própria de energia e um planejamento atento ao uso do solo. Na escolha dos materiais, prioriza insumos de menor impacto ambiental e recicláveis, além de sistemas construtivos contemporâneos e modulares, como o tijolo ecológico, que aumentam a eficiência e reduzem desperdícios.