JAC Caminhões desembarca no Brasil sob comando chinês e promete disputar espaço em um dos mercados mais competitivos do mundo

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A JAC Caminhões inicia uma nova fase de sua trajetória ao confirmar sua entrada no mercado brasileiro de veículos comerciais. Sob comando direto da matriz chinesa, a marca passa a operar de forma independente no País, separada do Grupo SHC — que continuará responsável apenas pelas operações envolvendo automóveis e modelos elétricos da JAC. O movimento representa não apenas a chegada de uma nova competidora ao setor, mas uma ofensiva estratégica com planos de longo prazo, que incluem produção local, rede própria de concessionárias e nacionalização gradual de componentes.

O recado foi dado oficialmente em um evento realizado em São Paulo, diante de clientes, concessionários e parceiros: a JAC Caminhões veio para ficar. A operação comercial está programada para começar em 2026, mas as vendas têm início já em janeiro, com os primeiros lotes importados da China desembarcando pelo porto de Itajaí, em Santa Catarina, com prazo de entrega estimado em 90 dias.

Neste primeiro momento, a empresa trabalhará exclusivamente com caminhões a diesel, focando 50% do mercado brasileiro, ou seja, os segmentos de leves, médios e semipesados, que representam a maior fatia das vendas nacionais. Serão quatro modelos iniciais: N 9.170, com PBT de 9 toneladas; N 13.210, de 13 toneladas; A 18.290, de 18 toneladas; e A 25.290, com 25 toneladas de PBT. Juntos, esses modelos cobrem desde a distribuição urbana até operações regionais e de carga mais pesada.

Os veículos chegam equipados com motores Cummins — marca amplamente reconhecida no mercado brasileiro — e contam com transmissões Eaton, ZF e Fast Gear, além de eixos AAM. Segundo a empresa, o foco está no melhor custo-benefício do mercado, combinando robustez, conforto, bom nível de acabamento e uma lista ampla de itens de série. “Nosso veículo terá segurança, conforto e baixo custo operacional. Queremos ser referência nesses três pilares”, afirma Adriano Chiarini, diretor comercial da JAC Caminhões no Brasil.

A meta inicial é ambiciosa: comercializar, no mínimo, 700 unidades já no primeiro ano de operação. A partir disso, a projeção é atingir 1,5% de participação até o fim de 2026 e alcançar 5% do mercado brasileiro de caminhões até 2030. A confiança está baseada na experiência acumulada pela marca ao longo de mais de 30 anos na América Latina, onde já opera em países como Chile, Colômbia, Peru, México, Bolívia e Uruguai, além da capacidade produtiva de sua moderna fábrica na China, que recebeu um investimento de US$ 760 milhões e é considerada uma das mais avançadas do país.

Ao mesmo tempo em que inicia as vendas, a JAC Caminhões já estrutura sua rede de atendimento no Brasil. A previsão é encerrar 2026 com 18 grupos de concessionários, totalizando de 30 a 40 pontos de atendimento entre concessionárias completas e PATs (Pontos de Atendimento). Em 2027, esse número deve dobrar, chegando a 60 unidades espalhadas pelo País. Entre os primeiros grupos confirmados estão o Relimpp, em São Paulo, o Pemagri, em Sergipe e Alagoas, e o Vega, no Pará e Amapá. Além dos dois modelos de loja, a empresa aposta em forte capilaridade para atender clientes em áreas remotas e rotas estratégicas do transporte de cargas.

O pós-venda também é tratado como pilar central da operação. A JAC implantou em São Paulo um centro de distribuição de peças com sistema eletrônico de gerenciamento de estoque e promete atendimento 24 horas, por meio de parceria com uma empresa especializada no segmento. Treinamentos presenciais e online serão oferecidos às equipes técnicas dos concessionários, com foco em elevar o padrão de atendimento e manutenção dos veículos. A marca ainda trabalha na nacionalização gradual de peças de reposição, a fim de reduzir custos e aumentar a competitividade frente às concorrentes já estabelecidas.

Paralelamente à operação comercial, a matriz chinesa já avalia a instalação de uma fábrica própria em território brasileiro a partir de 2027, em regime CKD ou SKD. O objetivo é atingir índices de nacionalização que permitam acesso a linhas de financiamento de instituições como o BNDES, além de fortalecer a cadeia de fornecedores locais. Estados como Goiás, Espírito Santo, Paraná e regiões do Nordeste já apresentaram propostas de incentivos fiscais e estruturais para sediar a futura unidade.

“A definição de ter uma fábrica no Brasil sempre fez parte do nosso plano desde o início. Não queremos ser apenas importadores, mas produtores locais, geradores de empregos e parceiros da indústria brasileira”, reforça Chiarini. Diferentemente de outras experiências no setor, a proposta da JAC é ter uma unidade própria, sem terceirização da montagem, consolidando sua presença de forma definitiva no País.

Além dos modelos já apresentados, a empresa antecipa que existe um projeto de expansão futura do portfólio, incluindo versões off-road, modelos mais leves, pesados e até extrapesados, além de opções movidas a gás e eletricidade. No entanto, a decisão sobre novos lançamentos dependerá da maturidade do mercado brasileiro e da resposta dos primeiros clientes.

Com uma combinação de estrutura global, foco em custo-benefício, estratégia de nacionalização e investimento em pós-venda, a JAC Caminhões aposta em um caminho de consolidação no País. Em um dos mercados de caminhões mais disputados do mundo, a marca chinesa chega determinada a conquistar espaço e transformar ambição em participação real nas estradas brasileiras.

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