Com a transição energética em andamento, o Nordeste pode se aproveitar dessa nova fase para ampliar o desenvolvimento da região, na avaliação do professor titular de Economia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ecio Costa. Ele disse que o grande investimento observado nos últimos anos na região tem uma relação direta com a energia renovável.
“Há uma dinâmica importante de repensar a Região Nordeste como esse grande celeiro de fontes de energias renováveis, que podem ser utilizadas aqui no Brasil e que podem também ser utilizados por grandes players internacionais, olhando principalmente para a União Europeia, que se aproxima de fazer um acordo de livre-comércio com o Mercosul, e a região tem seu posicionamento geográfico muito próximo para ter acesso ao mercado como esse”, destacou o professor.
Costa participou do CB.Debate: Os avanços do Nordeste, realizado nesta quinta-feira (4/12) pelo Correio Braziliense em parceria com o Banco do Nordeste (BNB). Durante o evento, ele também refletiu sobre a possibilidade de a energia renovável agregar valor em outros investimentos, como o de R$ 200 bilhões em um data center no Ceará, que deve gerar novos empregos, além de elevar o desenvolvimento econômico da região.
O especialista também destacou investimentos em outras áreas, caso de portos, aeroportos e turismo, como importantes para o local, que também aposta nas belezas naturais para movimentar a economia. Além disso, comentou a respeito do problema do saneamento básico na região, que, junto com o Norte, é a mais precária do país. Segundo ele, o Marco do Saneamento foi fundamental para começar a mudar essa realidade.
“O nível de pobreza da população nordestina está muito abaixo da média nacional. Em alguns estados, como o meu, por exemplo, você tem metade da população abaixo da linha de pobreza e dependendo, seriamente, de programas como o Bolsa Família. E que teve o impulsionamento, com a pandemia e a manutenção desse programa com um patamar bastante elevado, que vem ajudando na redução desse problema”, considerou.
Reforma tributária
Durante o debate, Costa também chamou a atenção para o problema da reforma tributária e da guerra fiscal. Segundo ele, apesar de o Nordeste contar com um fundo próprio, esses recursos podem ser insuficientes para garantir a manutenção de diversas indústrias que já estão localizadas na região ou até mesmo para a criação de uma infraestrutura necessária para a atração de novos investimentos.
“Hoje a Zona Franca de Manaus é um grande concorrente para um possível deslocamento dessas indústrias que estão localizadas no Nordeste para a Região Norte, por conta do grande benefício que foi mantido na ZFM. Então, vivemos um momento bastante relevante de um crescimento acima da média nacional, mas ainda há muito o que se fazer na nossa região”, completou o especialista.